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quarta-feira, 8 de novembro de 2023

GLENN HUGHES — PORTO ALEGRE, 7 DE NOVEMBRO DE 2023

| Foto: Rafael Cony |
| Por Lúcio Brancato Fotos: Rafael Cony |

A passagem do tempo na história do rock tem sido um tanto questionável neste ano de 2023. Estamos diante de um turbilhão de emoções inimagináveis diante dos nossos olhos. Quando heróis octogenários como os Rolling Stones ressurgem entregando com tamanha energia e excelência um novo álbum, todo o resto do que conhecemos como Classic Rock parece rejuvenescer — Leia o review de "Hackney Diamonds" —. Nesse contexto, quando vemos um músico de 72 anos subindo no palco, o momento atual pode transformá-lo em um artista rejuvenescido. E foi com essa potência juvenil que o britânico Glenn Hughes presenteou o público de aproximadamente 1.200 fãs que compareceram no Bar Opinião, em Porto Alegre.

Leia o review da última passagem de Glenn Hughes por Porto Alegre (28/4/2018)

| Foto: Rafael Cony |
Independente do nível alto da régua etária imposto pelos Stones, podemos afirmar que Hughes parece congelado em um iceberg musical desde os anos 1970. Preserva o peso, o groove e a impressionante voz ao longo das décadas, como poucos contemporâneos da linha mais pesada do rock conseguiram manter. Traz ainda consigo uma evidente e espontânea alegria de compartilhar, com a plateia e com os músicos da banda, o mais puro e verdadeiro espetáculo de rock. 

A tempestade sonora vinda do palco de Glenn e seus fiéis marinheiros — Søren Andersen (guitarra), Ash Sheehan (bateria) e Bob Fridzema (teclados), é um convite para navegar para longe, rumo a novembro de 1973, quando foi gravado o álbum “Burn” celebrado nesta turnê que percorre o Brasil. Porém, para queimar tamanha energia do jovem Hughes não basta somente um disco, a trilogia sagrada de sua passagem pelo Deep Purple, traz ainda no repertório do show canções de “Stormbringer” (1974) e “Come Taste The Band” (1975), o que fez dessa noite uma festa de devoção. Observando as reações e os sorrisos estampados nos rostos do público, temos a garantia de ter presenciado um legado musical muito bem preservado e incontestável, diante de um dos protagonistas onde o tempo não parece existir.

| Foto: Rafael Cony |
Carismático, e nitidamente sentindo-se em casa, provou todo o carinho que tem com o público de Porto Alegre, onde tocou pela quarta vez. Pedindo desculpas, explicou que o show quase foi cancelado devido a uma forte virose que o derrubou nos últimos dias, mas firmou ter feito questão de tentar se apresentar mesmo sabendo não estar em totais condições (o evento seguinte em Curitiba, nesta quarta, 8, foi cancelado). No Opinião, Glenn entregou tudo. Em diversos momentos a audiência fez do bar um grande clube de karaokê deixando para os fãs a missão de levar as vozes. A resposta foi magnifica. No bis, com a voz por um fio, tirou do setlist “Higway Star” e finalizou tocando o clássico “Burn”, praticamente sem poder cantar, mas regendo com maestria a plateia enquanto a banda acompanhava o coro de vozes.

| Foto: Rafael Cony |
Some a tudo isso outro fator fundamental que sela nossa viagem no tempo numa noite de terça-feira —o local do show parece moldar com exatidão sensações vividas em casas de shows clássicas dos anos 1970. O Bar Opinião, que festeja seus 40 anos de existência, mantém tanto para os músicos como para os espectadores, uma proximidade e energia que pode facilmente remeter a clubes históricos como um Whisky A Go Go (Los Angeles) ou Marquee Club (Londres), isso faz toda a diferença. Aqui não fechamos os olhos para imaginarmos um deslocamento sensorial ao escutar e assistir grandes nomes da música. De olhos bem abertos estamos inseridos numa jornada mítica e musical presente, seja o passado que você quiser estar. Nesta noite, por exemplo, a máquina de nossas cabeças trabalhou com facilidade nosso deslocamento até outra década. Equilibrou em som e imagem um passeio fiel e autêntico pelos oceanos do comandante Glenn Hughes. Com seu baixo conduziu como um leme firme na tempestade, com sua voz vislumbrou terra a vista no horizonte do rock n’ roll. Em que ano estamos mesmo?! 

Agradecimento especial a Homero Pivotto Jr (Blaze Productions) pelo suporte e credenciamento. 

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Setlist Glenn Hughes performs Classic Deep Purple Live em Porto Alegre:

STORMBRINGER

MIGHT JUST TAKE YOUR LIFE

SAIL AWAY

Medley: YOU FOOL NO ONE/ HIGH BALL SHOOTER  

MISTREATED

GETTIN' TIGHTER

YOU KEEP ON MOVING

Bis

BURN

| Foto: Rafael Cony |

| Foto: Rafael Cony |

| Foto: Rafael Cony |

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