Fotos: Fábio Codevilla |
Texto Márcio Grings Fotos Fábio Codevilla
Existem grupos musicais que se tornaram tão míticos que ao nos depararmos com um simples vislumbre desses gigantes, estamos sujeitos a usar a inconfiável lente do superlativo. O Black Sabbath, banda inglesa que começou seu tour 2013 em terras brasileiras por Porto Alegre, sem dúvida, é uma dessas entidades sagradas do rock. E se você, assim como eu, em dado momento pensou que esse GIG atual era apenas uma reunião caça niqueis para angariar fundos para três velhos gagás, parabéns, bem-vindo ao clube dos “Zé Manés”! Da mesma forma que esse babaca aqui chegou a pensar algo parecido, você também não sabe porra nenhuma.
Existem grupos musicais que se tornaram tão míticos que ao nos depararmos com um simples vislumbre desses gigantes, estamos sujeitos a usar a inconfiável lente do superlativo. O Black Sabbath, banda inglesa que começou seu tour 2013 em terras brasileiras por Porto Alegre, sem dúvida, é uma dessas entidades sagradas do rock. E se você, assim como eu, em dado momento pensou que esse GIG atual era apenas uma reunião caça niqueis para angariar fundos para três velhos gagás, parabéns, bem-vindo ao clube dos “Zé Manés”! Da mesma forma que esse babaca aqui chegou a pensar algo parecido, você também não sabe porra nenhuma.
Não sou um homem do metal, minhas preferências
musicais fincaram sua bandeira em outros gêneros. Apesar disso, meus ouvidos
sempre orbitaram pela discografia do Sabbath e tenho alguns itens na minha
coleção, além de conhecer várias formações (encarnações) desse grupo que ajudou
a forjar aquilo que hoje denominamos de heavy metal. E sabe, presenciando a
apresentação de Ozzy e sua trupe, me caiu uma ficha valendo: da mesma forma que
assistimos a filmes de terror por puro entretenimento, estar presente num
evento como o dessa quarta-feira na capital gaúcha é a melhor forma de
exorcizar nossos demônios interiores ou, quem sabe, de convivermos
transitoriamente numa boa com eles. Foi uma festa daquelas!
Foto: Fábio Codevilla |
O que incrédulos presenciamos em Porto Alegre é uma
daquelas imagens impossíveis de serem apagadas da memória. Em primeiro lugar
Ozzy Osbourne nasceu para ser o frontman do Sabbath. Esse homem de insanos
olhos pintados é um dos maiores Mestres de Cerimônias que o rock já nos deu. Em
segundo lugar, Tony Iommi, além de guardião da marca é, sem dúvida, a alma e,
como sabemos - mentor intelectual da banda. E como foi fácil perceber essa
felicidade estampada no rosto dele. Olhar e lábios risonhos não escondem isso.
Em terceiro, Geezer Butler é o perfeito escudeiro dos protagonistas e, por
último, quem sente falta de um Bill Ward depois de ver (e ouvir) um Tommy
Clufetos? O cara chega a lembrar de John Bonham no seu solo de bateria.
Antes do show principal, o Megadeth fez um show a lá coice de porco: curto e eficiente. Um aquecimento para deixar o público em ponto de bala. E o show do Sabbath apresenta um setlist que reproduz a sequência exata das primeiras
apresentações na América Latina – 16 canções – 13 clássicos e 3 músicas do
recentemente lançado “13″, último álbum de inéditas do grupo inglês, que teve
produção de Rick Rubin.
Foto: Fábio Codevilla |
Ozzy no palco faz jus a toda àquela imagem de
‘maluquete’ que ele próprio incutiu no nosso inconsciente: uma titia louca que
grita dezenas de vezes as palavras “fuck” e “crazy”, além de ser um artista que
sabe como incendiar a massa, mesmo que às vezes precise
usar o teleprompter para não esquecer algumas letras. Pelo menos para mim,
assisti-lo em forma foi uma grata surpresa. O velho parece ter recobrado a
energia. Outro detalhe importante: vocal no talo, sem deslizes ou
acochambramento, Ozzy está cantando melhor do que nos últimos anos. Gosto de
ver a forma com que ele se debruça sobre o microfone, como um mártir atrás de
um escudo, igual um cavaleiro protegendo sua espada enferrujada, mas ainda
afiada, pronta a decepar uma nova cabeça. Ao ver torque de sobra irradiando do
homem, pensei – será que Ozzy estava emboletado ou turbinado por uma nova droga
desconhecida? Em nenhum momento, podemos presenciar sinais de cansaço. Deve ser
o poder revigorante de voltar ao lugar de onde nunca deveria ter saído.
Foto: Fábio Codevilla |
Iommi, um retrato de pura satisfação e
contentamento, mandou bem nas suas guitarras alinhavadas com perfeição, como um
decalque daquilo que conhecemos dos ressuscitados LPs. Ouvir Butler tocando o
solo encharcado de efeito em “N.I.B.” foi uma dos pontos altos de um show
repleto de picos e epifanias. Como esquecer “War Pigs”, “Iron Man” e “Paranoid”
com os caras que gravaram o take original, bem ali, frente às nossas pupilas
dilatadas pelas visões daquele palco, luzes e som perfeito batendo no peito?
Um momento impressionante:
“Black Sabbath”, música que abre o Lado A do
primeiro LP da banda lançado em 1970, foi
executada tão perfeitamente igual ao
disco, que quase imaginei o meu vinil tocando na sala lá de casa com a banda
dublando sua performance realizada num estúdio empoeirado da Inglaterra há mais
de 40 anos.
Foto: Fábio Codevilla |
Como já disse no início do texto, os superlativos
podem ser explicados, jamais justificados; no entanto, tenha certeza que acabo
de assistir a um dos shows de rock mais impactantes do meu currículo. Dá pra
repensar algumas coisas. Alguém aí tá a fim de uma coleção do Bob Dylan em
bolachão? Troco de mano por uma do Black Sabbath #Brincadeira
O grupo segue o tour no país com show em SP nesta
sexta-feira; depois Rio (13) e BH (15).
Setlist
War Pigs
Into the Void
Under the
Sun/Every Day Comes and Goes
Snowblind
Age of Reason
Black Sabbath
Behind the Wall
of Sleep
N.I.B.
End of the
Beginning
Fairies Wear
Boots
Rat Salad/solo de bateria de Tommy Clufetos
Iron Man
God Is Dead?
Dirty Women
Children of the
Grave
Sabbath Bloody Sabbath/Paranoid
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