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quarta-feira, 26 de abril de 2023

SCORPIONS — PORTO ALEGRE, 25 DE ABRIL DE 2023

 

| Foto: André Feltes |
| Por
Lúcio Brancato Fotos: André Feltes |

Se você procura por um verdadeiro show de hard rock, todos os caminhos devem te levar para uma apresentação dos Scorpions. E foi isso que mais de 8 mil fãs fizeram rumo ao Gigantinho, em Porto Alegre, onde a banda alemã chegou com show da tour Rock Believer World, que celebra o recente álbum Rock Believer (2022).

Uma noite atípica e de escolhas na cidade de Porto Alegre. Na mesma noite e horário, o vocalista do Iron Maiden, Bruce Dickinson, tocava no Auditório Araújo Vianna, fazendo uma homenagem ao Jon Lord e repertório do Deep Purple (LEIA review de Márcio Grings AQUI). Com duas atrações de interesse para um mesmo público, era esperada uma divisão entre as duas plateias, o que não se refletiu no ginásio do Gigantinho, que surpreendentemente recebeu a banda com a casa lotada. Bem, não é de hoje que sabemos a força que bandas mais pesadas tem no Brasil com verdadeiras hordas de seguidores.

| Foto: André Feltes |
Para quem está na estrada há mais de 50 anos, independente de números, o que importa é se divertir e entregar o que um grande espetáculo de peso merece: solos e riffs de guitarras, setlist certeiro e efeitos de luz. A trupe germânica formada por Rudolf Schenker (guitarra), Klaus Meine (vocal), Matthias Jabs (guitarra), Pawel Maciwoda (baixo) e Mikkey Dee (bateria), mostrou não só um legado indiscutível na história do gênero, como também uma afirmação de que continuam em plena atividade criativa.

É claro que todo público dos Scorpions quer e sabe que vai escutar os maiores sucessos da banda. E sim, eles não deixaram faltar nenhuma canção que consagrou mundialmente uma banda de rock vinda da Alemanha. Particularmente o que me chamou mais a atenção foi trazer no repertório quatro músicas novas: "Rock Believer", "Gas In The Tank", "Peacemaker" e "Seventh Sun". O poderoso álbum lançado em 2022 mostra uma banda fiel ao estilo que construíram e certamente orgulhosos de ainda entregarem, e muito bem, canções que se encaixam perfeitamente em meio a um desfile conhecido de hits. É um mérito que muitas bandas não conseguem atingir. Os escorpiões provam que continuam destilando seus venenos tanto em álbuns como em shows.

| Foto: André Feltes |
Na sua última passagem por Porto Alegre (LEIA review do show de 2019 AQUI), o Scorpions encerrou sua turnê pelo Brasil (antes o grupo se apresentou em Ribeirão Preto, Florianópolis e São Paulo). O show deles pode funcionar como um manual de boas práticas para qualquer banda hard que se preze. O carisma e a voz de Klaus continuam impecáveis. Rudolf e Mathias seguem a melhor tradição de riffs e solos que forjaram gerações de guitarristas nas últimas décadas, a cozinha com a batera de Mikkey e o baixo de Pawel seguram toda gig como quem troca a marcha com precisão numa Autobahn de alta velocidade.

Começando com “Gas In The Tank” (que abre também o álbum Rock Believer) já deixam claro na excelente letra suas intenções: "let’s play it louder, play it hard". E assim fizeram durante toda apresentação, volume no talo e pegada forte! A sequencia vem com “Make it Real” e “The Zoo” - ambas do "Animal Magnetism" (1980). A faixa instrumental “Coast to Coast”, presente em "Lovedrive" (1979), traz aquela que pra mim é uma das especialidades deles, a levada estradeira calcada no ritmo dos riffs de Rudolf Schenker. A dobradinha com as novas “Seventh Sun” e “Peacemaker” segue acelerando a trip com uma fórmula muito bem usada ao longo da carreira,  o uso de refrão marcante que pega o público até em canções ainda pouco conhecidas da maioria. “Bad Boys Running Wild”, que abre o multi-platinado "Love at First Sting" (1984), nos leva de volta a um dos períodos de maior sucesso na história da banda. Um show de hard rock sem um “momento solo de guitarrista” jamais seria uma apresentação completa. Holofotes para Matthias Jabs, em “Delicate Dance”, um instrumentista que deveria ser mais lembrado em listas do gênero. 

| Foto: André Feltes |
A balada “Send me an Angel” funciona como um aquece para o aguardado mega hit “Wings of Change”. Tiradas do álbum "Crazy World" (1990), nos faz lembrar a força que as baladas tiveram ao moldar não só a banda, o som pesado como um todo. Se “Wings of Change” marcou na época como mantra pop da esperança mundial pós Guerra Fria, hoje clama pela paz na Guerra da Ucrânia quando as cores da bandeira ucraniana ganham o cenário e a própria letra da música recebe novas referências em homenagem às vítimas desse embate. Emendam ainda do mesmo disco, “Tease Me Please Me”, e seguem cantando que são “crentes do rock como nós”, num novo hino chamado “Rock Believer”. Pausa para mais um clássico. Holofotes agora direcionados para o baterista Mikkey Dee. Confesso que a minha paciência — mesmo para um ex-Motörhead — dura dois minutos, aqui os tambores duraram cerca de sete minutos. Com “Blackout” e “Big City Nights”, carimbos de uma linguagem mais pop que ajudou —  e muito — o sucesso mundial e comercial da banda, respectivamente nos álbuns de 1982 e 1984, fecham o setlist antes do bis.

| Foto: André Feltes |
A celebração hard rocker deve sempre encerrar de forma apoteótica. Os Scorpions têm na manga tudo o que é necessário para encerrar um show: baladão meloso para ligar a luz do celular (que há muito substituiu isqueiros na plateia) e refrão pra cantar junto de braços estendidos e punhos cerrados. “I Still Loving You” já fez muito metaleiro chorar no cantinho desde os anos 1980, enquanto “Rock You Like a Hurricane” ajudou os mesmos a se recompor.

O que Porto Alegre assistiu nesta noite foi o que há de melhor na linhagem mais pop dentro de uma escola mais “pesada” do rock. E melhor, isso tudo a partir dos mais conhecidos e pioneiros dessa fusão. Goste ou não, uma coisa não se pode negar, Scorpions são pós-graduados na arte de aproximar o hard  de uma leitura mais comercial com sucesso indiscutível. A alegria e cumplicidade estampada na cara de todos os músicos durante toda a apresentação, mostrou que estão na ativa fazendo o que mais gostam e curtindo muito, de longe ser um show burocrático. Provaram ainda, que seguem criando clássicos que talvez daqui uns 30 anos poderão facilmente servir como referências do gênero para novas gerações mais atentas. O veneno continua agindo e o público parece não querer antídoto para os escorpiões. 

Sellist

Gas in the Tank

Make It Real

The Zoo

Cast to Coast

Seventh Sun

Peacemaker

Bad Boys Running Wild

Delicate Dance

Send Me an Angel

Wind of Change

Tease Me Please Me

Rock Believer

Black Out

Big City Night


Bis

Still Love You

Rock You Like a Hurricane

| Foto: André Feltes |

| Foto: André Feltes |

| Foto: André Feltes |

| Foto: André Feltes |

| Foto: André Feltes |

| Foto: André Feltes |

| Foto: André Feltes |

| Foto: André Feltes |

| Foto: André Feltes |



quarta-feira, 2 de outubro de 2019

SCORPIONS - PORTO ALEGRE, 1° DE OUTUBRO DE 2019

Foto: Ton Muller
Review Márcio Grings Fotos Ton Müller (exceto indicadas)

Novamente evoco a Máquina do Tempo... o escorpião germânico inicialmente se apossou do coração de um menino de 14/15 anos, um moleque que ainda dava seus primeiros passos no rock, sonhando acordado com meia dúzia de discos manjados girando num toca-discos novinho em folha. No caso, voltamos ao início dos anos 1980, quando o Scorpions, inclusive, engatou um faixa na trilha sonora de uma novela da Globo. Ou seja — até mesmo por aqui, eles estavam na boca do povo! Quem no planeta terra não ouviu em algum momento de sua vida a balada/heavy "Still Loving You", música que tomou de assalto as rádios no biênio 1984/85? Possivelmente a garotada de hoje não entenda o furacão provocado por essa música.

Foto: Ton Muller
Falando em furacão, e o que dizer de uma época em que "Rock You Like A Hurricane" era arroz de festa nas FMs do Brasil? Outros tempos. E a primeira passagem do grupo pelo país veio na esteira do lançamento do álbum "Love at First Sting" (1984), um dos maiores sucessos comerciais da banda, com milhões de cópias vendidas ao redor do mundo. Com essa credenciais, no 1° Rock in Rio, o Scorpions merecidamente estrelou duas noites no evento, apresentações que ajudaram a sedimentar uma legião de fãs por aqui. 

Matthias Jabbs. Foto: Ton Muller
Meu primeiro LP do Scorpions foi "In Trance" (1975), discaço da época em que o guitarrista Uli Jon Roth ainda era endeusado como uma espécie de Hendrix alemão. Na capa do vinil, a imagem de uma jovem loira, manuseando com aparente delicadeza uma Fender Stratocaster. A rapaziada mais esperta da época levantou a lebre de que na verdade a garota estaria tendo um affair com o mágico instrumento. Grande parte das capas do Scorpions sempre tiveram certa conotação sexual — esse apelo visual é uma das marcas do grupo. 

Foto: Camila Gonçalves
Se os Scorpions já ocupou um lugar no coração de um menino, hoje esse garoto se tornou um veterano que bate da casa dos 50. Contudo, a lembrança daqueles dias ainda paira sobre esse primeiro encontro ao vivo com os alemães. 21h50, depois de Helloween e Whitesnake, segue a maratona do Rock ao Vivo, evento que leva 8 mil pessoas até o Gigantinho. Na abertura, ao cair da cortina azul com a imagem símbolo da "Crazy World Tour", já em "Goin Out With a Bang", fica fácil perceber que o Scopions retorna ao Brasil vestido de gala para essa festa, com show completo em termos de aparatos tecnológicos e um impressionante telão com imagens adicionais preparadas especialmente para a turnê. A formação atual conta com dois remanescentes da linhagem original — Rudolf Schenker (guitarra) e Klaus Meine (vocal). Há quatro décadas Matthias Jabs (guitarra) se tornou um dos responsáveis pelo som do Scorpions. Completam o bando, o músico polonês Pawel Maciwoda (baixo) e Mikkey Dee (bateria).

Foto: Ton Muller
Um pouco adiante, em "The Zoo", entra em jogo o talk box de Mathias Jabs. O aparelho produz uma amplificação que direciona o som da guitarra através de um tubo, posicionado ao lado do microfone, de maneira que ele fique próximo ou na boca do músico. O talk box já foi utilizado em célebres canções do rock — "Show me the Way" (Peter Frampton), "Sweet Emotion" (Aerosmith), "Hair of the Dog (Nazareth), "Living on a Prayer" (Bon Jovi), "Man in the Box (Alice in Chains), entre outras. Coloque "The Zoo" nesse hall das talk box songs. É um dos grande temas do Scorpions, indispensável no set de suas apresentações.

Rudolph Schenker. Foto: Ton Muller
Na instrumental "Coast to Coast", a força das guitarras novamente é destaque, tema instrumental que ganha ainda o elemento figurativo do vocalista Klaus Meine empunhando uma Fender. O medley formado por "Top of the Bill/Speedy's Coming/Steamrock Fever/Catch Your Train" nos leva de volta ao Scorpions pré-mainstream, uma lembrança de "Tokyo Tapes" (1979), fenomenal álbum ao vivo do grupo nos anos 1970. Basta o riff de "Top of the Bill", um dos grandes hits de "In Trance", para cravar essa sensação saudosista. É indiscutivelmente um dos grandes momentos do show para os verdadeiros fãs do Scorpions. O público, que parece mais frio durante a primeira metade de apresentação, desperta interativo em "We Bulty This House", um dos temas de "Return to Forever", último álbum do grupo, de 2015, e uma das músicas mais interessantes da atual leva. "Delicate Dance", a segunda trilha instrumental da noite, conta com participação de Ingo Powitzer, roadie/técnico de Matthias Jabs, e regra-três no banco de reservas dos guitarristas da equipe. Nos últimos cinco anos ele pode ser ouvido em três álbuns do Scorpions — "Unbreakable" (2014), "Get Your Sting & Blackout" (2011) e "MTV Unplugged in Athens". No palco, Ingo é só felicidade.

Foto: Ton Muller
Aí chegamos nas baladas, dois números que definitivamente acordam até mesmo a plateia chapa branca, e  momento de maior interação da noite. Estamos falando dos roqueiros de ocasião, aquele tipo de público que conhece Scorpions apenas por tabela. E quem nunca ouviu "Send Me An Angel" e principalmente o megahit "Wind of Change"? Eis um dos ápices do grupo nas FMs do mundo nos anos 1990, principalmente "Wind of Change",  letra de Klaus Meine que versa sobre os ventos da mudança que atingiam a Europa, demarcando o ocaso da Guerra Fria e da União Soviética, assim como a queda do Muro de Berlim. Vale lembrar que o Scorpions foi uma das bandas/artistas pioneiras em se apresentar na ex-União Soviética, tudo registrado no DVD "To Russia With Love & Other Savage Amusements" (1988).

Mikkey Dee. Foto: Ton Muller
Em "Tease Me Please Me", Mikkey Dee ganha o seu recorte de destaque no show. Esse músico sueco que atuou em bandas como King Diamond, Dokken e Thin Lizzy, se tornou realmente conhecido como baterista do Motorhead, grupo ao qual gravou 13 álbuns de estúdio, em mais de 20 anos de colaboração. Só abandonou o barco após a morte do baixista, em 2015. O Scorpions é sua nova banda, e Mikki é valorizado no espetáculo, com destaque para constantes imagens do baterista nos telões, e até mesmo pela sua posição em cena — instalado numa grande elevação do palco. E o solo de bateria faz parte desse misancene, condecorando um daqueles instantes clássicos num show de metal.

Chegando a parte final, temas como "Blackout" e "Big City Nights" exibem com justiça o que tornou o Scorpions assíduo nas grandes arenas do rock — os alemães ainda são reconhecidos por serem responsáveis em tornar o heavy metal um dos gêneros mais amados nos anos 1980/90. E por mais que o flerte com o pop tenha afastado os fãs mais ferrenhos, quando chega o refrão de "Big City Nights" é impossível não nos juntarmos ao coro. Ao vivo, também fica fácil perceber como Jabbs e Shenker gostam de intercalar solos e bases. Curiosidade: no palco, dois guitarristas de uma banda de rock sem tatuagens nos braços, algo raro nos dias atuais. Matthias, mais introspectivo, muitas vezes parecendo concentrado, focado em sua atuação. Rudolph joga para a torcida o tempo todo — seja relembrando o windmill de Pete Townshend, trocando de instrumento a cada música, seja fazendo caras e bocas para os fotógrafos/público e incansavelmente a correr de um lado ao ao outro do palco. 

Pawel Maciwoda. Foto: Ton Muller

No bis, uma balada - "Still Loving You" e um tijolaço scorpiano - "Rock You Like a Hurricane" — "Elas são as favoritas dos fãs e são uma boa combinação. Gostamos das duas. As pessoas curtem a atmosfera e 'Rock You Like A Hurricane' é uma ótima canção para fechar as apresentações", disse Matthias Jabs em entrevista ao site G1. Impossível contestar o óbvio.

Próxima parada do Scorpions é na sexta-feira (4), quando fechará a noite do quinto dia do Rock in Rio. Antes, também no Palco Mundo, ainda se apresentam Sepultura, Helloween e Iron Maiden. Como assim? Iron Maiden tocando antes do Scorpions? — "Eu sei, é claro, que o Iron Maiden é a atração principal. Mas eles preferem tocar mais cedo e pediram que tocássemos mais tarde. Aceitamos, não tem problema", explicou Jabbs na mesma entrevista ao G1. Depois do ensaio geral em Porto Alegre, o Scorpions está azeitado para  novamente fazer história no Rock in Rio.               

Foto: Divulgação Facebook Scorpions



Setlist Scorpions - Rock ao Vivo/PoA

Going Out With a Bang
Make It Real
The Zoo
Coast to Coast
Medley: Top of the Bill / Steamrock Fever / Speedy's Coming / Catch Your Train
We Built This House
Delicate Dance
Send Me an Angel
Wind of Change
Tease Me Please Me
Blackout
Big City Nights

Encore

Still Loving You
Rock You Like a Hurricane


Foto: Ton Muller


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