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quarta-feira, 2 de outubro de 2019

WHITESNAKE - PORTO ALEGRE, 1º DE OUTUBRO DE 2019

Foto: Ton Muller
Review Márcio Grings Fotos Ton Müller (exceto indicadas)

Há várias temporadas o Whitesnake já é habitué no país. Como esquecer a memorável participação do grupo na primeira edição do Rock in Rio? A banda liderada por David Coverdale foi responsável pelo debute internacional no lendário festival, divisor de águas para eventos desse porte na América do Sul. Aos que não estavam lá, no mesmo instante em que o grupo pisava no palco brasileiro, houve uma segunda chance — o Whitesnake surgiu na TV aberta (numa época em que só havia essa opção), em pleno horário nobre, na noite da sexta-feira 11 de janeiro de 1985, logo após mais um capítulo inédito da novela "Corpo a Corpo" da Rede Globo (Veja o show completo AQUI). Eu tinha apenas 14 anos, e em termos musicais, por um certo tempo, após essa noite, poucas experiências musicais seriam fora do circuito do rock.

Foto: Ton Muller
A geração que surgiu pareada àquele Rock in Rio — o primeiro e o mais original de todos —inevitavelmente nasceu roqueira, não haveria escapatória. Outros tempos. A presença alienígena de David Coverdale pelas ondas da telinha em terras brazucas antecipou o rolo compressor que chegaria logo após, ainda naquela mesma noite — Iron Maiden e Queen. Mas aí já é covardia... E também é outra história. O Whitesnake ainda tocaria em mais uma noite do festival, dividindo o palco com AC/DC, Scorpions e Ozzy Osbourne. 

O Coverdade de 1985 tinha apenas 33 anos, e uma década após juntar os cacos restantes do ocaso do Deep Purple, o jovem músico inglês havia conseguido reconstruir sua carreira com o Whitesnake. "Slide It In" (1984),  sexto disco de estúdio do grupo, vendeu milhões de cópias. E mesmo que o Whitesnake tenha entrada pela porta dos fundos do Rock in Rio, após o cancelamento do Def Leppard, isso apenas 11 dias antes do início do festival, Coverdale e os seus tiraram a sorte grande naquele início de verão carioca. Pra encurtar a história, meu primeiro encontro ao vivo com o Whitesnake aconteceria apenas 31 anos depois daquele show em que estava com o rosto grudado no ecrã. E não houve chance para decepção naquele 20 de setembro de 2016 (leia review AQUI).   

Foto: Ton Muller
Quis o destino que apenas três anos depois, cá estivesse eu, novamente frente a David Coverdale e os seus. A banda que o acompanha é a mesma de 2016, uma das formações mais estáveis do Whitesnake, pelo menos nesse século — nas guitarras Reb Beach (Winger, Dokken e Alice Cooper) e Joel Hoekstra (integrante do musical da Broadway Rock of Ages); no baixo, Michael Devin (Lynch Mob) e na bateria, um veterano de muitas guerras, o norte-americano Tommy Aldridge (Black Oak Arkansas e Ozzy Osbourne). O tecladista Michele Luppi completa o bando, músico italiano que ocupa uma posição ingrata — ele senta na mesma cadeira ocupada anteriormente por dois tecladistas do Deep Purple — Jon Lord e Don Airey. 

Joel Hoekstra. Foto: Ton Muller
Após o início com Helloween, pontualmente às 20h o Whitesnake surge no palco do Gigantinho. A novidade que separa esses três anos entre um show e outro é  "Flesh & Blood", novo álbum do Whitesnake que pontua três temas no atual setlist — "Trouble Is Your Middle Name", a fraquinha "Shut up and kiss me", e a melhor delas - "Hey You (You Make Me Rock)", tema com o DNA daquilo que conhecemos de melhor do grupo. Assim como em 2016, o repertório básico está compreendido entre (1982-1987), mesa posta com hits absolutos — "Slide It In", "Love Ain't No Stranger", "Is This Love", "Here I Go Again" e "Gimme All Your Love". 

O solo de bateria de Tommy Aldridge é realmente impressionante — e aqui escreve alguém que detesta performances exibicionistas de qualquer instrumentista — mas quando o vemos largar as baquetas e esbofetear os pratos com as pontas dos dedos, a forma como toca bateria é realmente impressionante. Impossível não lembrar de John Bonham.

Na parte final do show, fica visível que a voz de Coverdale está longe de seus melhores dias, e é nesse momento que os vocais de apoio da banda, principalmente a voz sombra de Michele Luppi, assim como o próprio público, reforçam os refrãos. No entanto, a presença cênica do sorridente vocalista continua imponente, assim como vê-lo de perto é como poder retornar a uma das épocas mais celebradas do rock mundial. O melhor exemplo desse amparo está na despedida, em "Burn", clássico absoluto da formação MK4 do Deep Purple. O guitarrista Reb Beach quebra o galho na parte cantada originalmente por Glenn Hughes, com Coverdade caminhando de um lado ao outro do palco, fazendo caras e bocas para o público.

Reb Beach. Foto: Ton Muller
Aos 69 anos, o David Coverdale de 2019, continua orgulhoso de seu espólio, e quem não estaria? Sobre uma expectativa de aposentadoria, em entrevista a Rolling Stone Brasil, o vocalista afirmou que não tem planos de pendurar as chuteiras — "Minha banda é ótima, minha plateia é ótima. Eu não tenho nenhuma reclamação, e nenhum plano de me aposentar. Nenhum, mesmo. Ser eu, no momento, é maravilhoso.” Após o show em Porto Alegre, último no Brasil, o Whitesnake ainda se apresenta em Buenos Aires (4), Santiago (7) e Bogotá (10).

Whitesnake - Rock ao Vivo/PoA

Bad Boys
Slide It In
Love ain't no stranger
Hey You (You Make Me Rock)
Slow & Easy
Trouble Is Your Middle Name
Shut up and kiss me
Is This Love
Gimme All Your Love
Here I Go Again
Still of the Night
Burn   
Foto: Ton Muller



Foto: Ton Muller



Michael Devin. Foto: Ton Muller

Tommy Aldridge; Foto: Ton Muller

Foto: Twitter David Coverdale
Reb Beach. Foto: Twitter David Coverdale

2 comentários:

  1. Um baita show, e sem dúvida o solo do batera Tommy foi espetacular!

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  2. Obrigado por comaprtilhar mais essa experiência conosco, Ariana! Beijo e abraço.

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