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terça-feira, 29 de novembro de 2016

BLACK SABBATH – PORTO ALEGRE, 28 DE NOVEMBRO DE 2016


Foto: Divulgação
Texto Márcio Grings

Dependendo do ponto de vista, assistir o “The End Tour” pode ser o mais previsível dos eventos. Por quê? Por vários fatores- todo mundo sabe qual será o setlist; Ozzy vai dizer dezenas de vezes “let me see your fucking hands”; os clássicos vão soar bem parecidos com aquilo que conhecemos dos discos; e no decorrer do setlist sabemos que não há espaço para improvisos ou surpresas. É como se esse conjunto de sons tocados em Porto Alegre na última segunda-feira (28) fosse um exercício matemático de como se fazer um show de rock. Só que o resultado dessa equação é muito maior do que possa supor qualquer vã filosofia. 

Leia a resenha do show de 2013

Veja o início da apresentação.



Isso não apenas por que estamos presenciando a despedida anunciada de uma das maiores instituições do metal mundial. Mais do que isso – esses são os últimos dias do grupo que inventou o lado negro do gênero. Segundo disse Tony Iommi em sua biografia, toda a incursão da banda em temas como satanismo e ciências ocultas, não passa de tema de ficção escrita por Geezzer Butler, o baixista da banda, e muito bem interpretada por Ozzy, ator principal dessa personagem. E nunca esqueça, eles inventaram essa mítica, e são os mestres dessa encenação. 

Reprodução Twitter
ABERTURA

Na abertura, antes do capítulo principal da noite, a legenda do metal gaúcho e produto exportação do país, o Krisiun, sobe ao palco ostentando a bandeira rio-grandense e o orgulho sulista do som feito aqui. O público parece ter gostado. Logo depois, o Rival Sons, uma das bandas mais interessantes do rock pesado atual, fez um show impecável. No cardápio, blues elétrico misturado com o melhor do hard rock ao estilo do faziam as boas bandas inglesas como Free e Led Zeppelin. Destaque para o vocalista Jay Buchanan e o guitarrista Scott Holiday. 

Divulgação
SHOW PRINCIPAL

Com cerca de 16 mil testemunhas, o segundo show dos ingleses no Estacionamento da Fiergs foi a apresentação de número 39 da The End Tour, iniciada em janeiro desse ano em Omaha, Nebraska, nos Estados Unidos. E esse primeiro show no Brasil revelou uma banda ainda mais firme e coesa do que o Black Sabbath que vimos em 2013. E diferente da passagem anterior, dessa vez não tivemos nenhuma música de “13”, último álbum de inéditas do Sabbath lançado no mesmo ano. 

O setlist  faz ligação direta com os anos 1970, contemplando quatro músicas do álbum de estreia da banda, três de "Master of Reality", uma do "Volume 4", uma de "Technical Ecstasy" e cinco canções de "Paranoid". 13 músicas (três a menos que o show de 2013), num repertório enxuto que compreende apenas seis anos da banda. Uma paulada atrás da outra. 

Divulgação
.Em dezembro ele chega aos 68 anos. Depois de períodos difíceis, certamente Ozzy Osbourne canta mais hoje do que há 10 anos. Em 2013, na primeira passagem do Black Sabbath com esta formação, ele parecia rejuvenescido. Em 2015, quando veio ao estado em show solo no Mosters Tour, Ozzy retornou na versão ‘fanfarrão do rock’. Ontem, na Fiergs, ele foi uma mistura disso tudo. Acima de tudo, um dos maiores performers do rock. Ozzy é incansável, divertido, canta muito e ainda sabe como poucos a como incendiar a massa.

Divulgação


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Foto: Márcio Grings
No último mês de agosto, Tony Iommi, 68 anos,  anunciou em entrevista ao jornal "The Birmingham Mail" que o tratamento contra o câncer funcionou e ele está em processo de remissão. O guitarrista de 68 anos enfrentava um câncer linfático desde 2012. No início do ano passado, ele chegou a declarar que tinha 30% de chances de cura e não sabia quanto tempo mais teria de vida. 

Esse teria sido o principal motivo da The End Tour – pois seria a ‘suposta’ última trip do trio original. Se Tony está melhor do que já esteve, em frente aos nossos olhos vemos um dos maiores maquinadores de riffs de todos os tempos. E o público por diversas vezes o ovaciona: “Tony, Tony, Tony!!! O velho lorde da guitarra SG sorri.

Aos 67 anos, o grande responsável pelas letras e pela temática do Black Sabbath, é também um dos inventores do baixo com distorção. E vê-lo fazendo ao vivo um dos mais famosos solos de contrabaixo de todos os tempos colado a “Behind The Wall of Sleep”, a antecipar “N.IB.”, é como assistir o orquestrado desaparecimento de uma das últimas lendas do rock. E é...

Completam o time o baterista Tommy Clufetos, desde 2012 com o trio original, e Adam Wakeman, guitarra base e teclados. Entre os destaques, canções como “Fairies Wear Boots”, “After Forever” e a catarse coletiva promovida por “War Pigs", um daqueles momentos em que qualquer fã de rock não consegue de privar de abrir um sorriso. Mesmo com Ozzy errando a entrada de "Children of the Grave", dá pra dizer que presenciamos uma apresentação irretocável, num setlist que basicamente não sofre alterações. 

Divulgação
No#Brasil o “The End Tour” ainda passa por Curitiba (30), Rio de Janeiro (2) e São Paulo (4), cidade que recebe o último show do ano na atual turnê. E então, eis o tão anunciado ‘the end’? Nada disso! Ozzy, Tony e Geezer ainda seguem por apresentações entre janeiro e fevereiro de 2017, quando tocam na Alemanha, Irlanda e Inglaterra, com último show agendado para Birmgham, no dia 4 de fevereiro. Nada mais justo que o derradeiro ato final da história do Black Sabbath aconteça em sua cidade natal, metrópole localizada no Centro Oeste da Inglaterra, região central da Grã-Bretanha. 

Fica a sensação de sermos abençoados, pois um dos 51 shows do último tour de uma das bandas mais importantes da história do rock mundial, também passou por aqui. Como um sonho inimaginável...

Confira o setlist:

1 – Black Sabbath
2 – Fairies Wear Boots
3 – After Forever
4 – Into the Void
5 – Snowblind
6 – War Pigs
7 – Behind the Wall of Sleep
8 – N.I.B.
(com  solo de Geezer Butler)
09 – Rat Salad
(com solo de  Tommy Clufetos)
10 – Iron Man
11 – Dirty Women
12 – Children of the Grave

Encore:

13 – Paranoid


Fiergs. Pôr-do-sol, um pouco antes do show. Foto: divulgação Facebook BS

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

BLACK SABBATH - PORTO ALEGRE, 9 DE OUTUBRO DE 2013

Fotos: Fábio Codevilla
Texto Márcio Grings Fotos Fábio Codevilla

Existem grupos musicais que se tornaram tão míticos que ao nos depararmos com um simples vislumbre desses gigantes, estamos sujeitos a usar a inconfiável lente do superlativo. O Black Sabbath, banda inglesa que começou seu tour 2013 em terras brasileiras por Porto Alegre, sem dúvida, é uma dessas entidades sagradas do rock. E se você, assim como eu, em dado momento pensou que esse GIG atual era apenas uma reunião caça niqueis para angariar fundos para três velhos gagás, parabéns, bem-vindo ao clube dos “Zé Manés”! Da mesma forma que esse babaca aqui chegou a pensar algo parecido, você também não sabe porra nenhuma.

Não sou um homem do metal, minhas preferências musicais fincaram sua bandeira em outros gêneros. Apesar disso, meus ouvidos sempre orbitaram pela discografia do Sabbath e tenho alguns itens na minha coleção, além de conhecer várias formações (encarnações) desse grupo que ajudou a forjar aquilo que hoje denominamos de heavy metal. E sabe, presenciando a apresentação de Ozzy e sua trupe, me caiu uma ficha valendo: da mesma forma que assistimos a filmes de terror por puro entretenimento, estar presente num evento como o dessa quarta-feira na capital gaúcha é a melhor forma de exorcizar nossos demônios interiores ou, quem sabe, de convivermos transitoriamente numa boa com eles. Foi uma festa daquelas!

Foto: Fábio Codevilla
O que incrédulos presenciamos em Porto Alegre é uma daquelas imagens impossíveis de serem apagadas da memória. Em primeiro lugar Ozzy Osbourne nasceu para ser o frontman do Sabbath. Esse homem de insanos olhos pintados é um dos maiores Mestres de Cerimônias que o rock já nos deu. Em segundo lugar, Tony Iommi, além de guardião da marca é, sem dúvida, a alma e, como sabemos - mentor intelectual da banda. E como foi fácil perceber essa felicidade estampada no rosto dele. Olhar e lábios risonhos não escondem isso. Em terceiro, Geezer Butler é o perfeito escudeiro dos protagonistas e, por último, quem sente falta de um Bill Ward depois de ver (e ouvir) um Tommy Clufetos? O cara chega a lembrar de John Bonham no seu solo de bateria.

Antes do show principal, o Megadeth fez um show a lá coice de porco: curto e eficiente. Um aquecimento para deixar o público em ponto de bala. E o show do Sabbath apresenta um setlist que reproduz a sequência exata das primeiras apresentações na América Latina – 16 canções – 13 clássicos e 3 músicas do recentemente lançado “13″, último álbum de inéditas do grupo inglês, que teve produção de Rick Rubin.

Foto: Fábio Codevilla
Ozzy no palco faz jus a toda àquela imagem de ‘maluquete’ que ele próprio incutiu no nosso inconsciente: uma titia louca que grita dezenas de vezes as palavras “fuck” e “crazy”, além de ser um artista que sabe como incendiar a massa, mesmo que às vezes precise usar o teleprompter para não esquecer algumas letras. Pelo menos para mim, assisti-lo em forma foi uma grata surpresa. O velho parece ter recobrado a energia. Outro detalhe importante: vocal no talo, sem deslizes ou acochambramento, Ozzy está cantando melhor do que nos últimos anos. Gosto de ver a forma com que ele se debruça sobre o microfone, como um mártir atrás de um escudo, igual um cavaleiro protegendo sua espada enferrujada, mas ainda afiada, pronta a decepar uma nova cabeça. Ao ver torque de sobra irradiando do homem, pensei – será que Ozzy estava emboletado ou turbinado por uma nova droga desconhecida? Em nenhum momento, podemos presenciar sinais de cansaço. Deve ser o poder revigorante de voltar ao lugar de onde nunca deveria ter saído.

Foto: Fábio Codevilla
Iommi, um retrato de pura satisfação e contentamento, mandou bem nas suas guitarras alinhavadas com perfeição, como um decalque daquilo que conhecemos dos ressuscitados LPs. Ouvir Butler tocando o solo encharcado de efeito em “N.I.B.” foi uma dos pontos altos de um show repleto de picos e epifanias. Como esquecer “War Pigs”, “Iron Man” e “Paranoid” com os caras que gravaram o take original, bem ali, frente às nossas pupilas dilatadas pelas visões daquele palco, luzes e som perfeito batendo no peito?

Um momento impressionante:

“Black Sabbath”, música que abre o Lado A do primeiro LP da banda lançado em 1970, foi
Foto: Fábio Codevilla
executada tão perfeitamente igual ao disco, que quase imaginei o meu vinil tocando na sala lá de casa com a banda dublando sua performance realizada num estúdio empoeirado da Inglaterra há mais de 40 anos.

Como já disse no início do texto, os superlativos podem ser explicados, jamais justificados; no entanto, tenha certeza que acabo de assistir a um dos shows de rock mais impactantes do meu currículo. Dá pra repensar algumas coisas. Alguém aí tá a fim de uma coleção do Bob Dylan em bolachão? Troco de mano por uma do Black Sabbath #Brincadeira

O grupo segue o tour no país com show em SP nesta sexta-feira; depois Rio (13) e BH (15).

Setlist

War Pigs
Into the Void
Under the Sun/Every Day Comes and Goes
Snowblind
Age of Reason
Black Sabbath
Behind the Wall of Sleep
N.I.B.
End of the Beginning
Fairies Wear Boots
Rat Salad/solo de bateria de Tommy Clufetos
Iron Man
God Is Dead?
Dirty Women
Children of the Grave

Sabbath Bloody Sabbath/Paranoid

Foto: Fábio Codevilla

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