Foto: Camila Gonçalves |
Por Márcio Grings Fotos Camila Gonçalves
Depois de assistir dois shows de Bill Hown-N-Mad Perry no Mississippi Delta Blues Festival, nos últimos dias 22 e 24 de Novembro, exatamente uma semana após o término do tradicional festival na Serra gaúcha, novamente cá estamos, bem em frente ao guitarrista do Norte do Mississippi. "Eu não sou seu típico bluesman", disse Perry a um entrevistador. "Sou casado há muitos anos, então eu não canto sobre amores perdidos e coisas do gênero. Todos aqueles sons que Muddy Waters e Charlie Patton tiravam de seus instrumentos, busco um pouco dessa influência e adiciono a marca da minha experiência como guitarrista". Ele colaborou com diversos artistas do gênero, e tardiamente acabou ganhando reconhecimento, igual a dezenas de seus conterrâneos e compatriotas. Nascido em Lafayette County, condado do Norte do Mississippi, o veterano atualmente vive em Abbeville, uma cidade com cerca de 400 habitantes. Hownl-N-Madd cresceu em uma família que já era e ainda é muito musical - a esposa, Pauline, e seus dois filhos, Bill Perry Jr e Shy perry, também são músicos.
Foto: Camila Gonçalves |
O North Mississippi Sound migrou para o rock e nos deu bandas como Black Keys e White Stripes, filhotinhos diretos dessa estirpe musical. Assim, ao vivo, o som de Perry é mais sujo, aparentemente mais tosco, não menos interessante que a linhagem mais popular do blues. A marca principal de sua guitarra não está nos solos ou em virtuoses, pois o músico aposta principalmente na potência dos riffs e no hipnotismo de seus grooves. E na sua garganta, é claro! Além de fazer shows solo, com banda ou mesmo com a família, "Howl N' Madd" também é professor de guitarra para crianças no Museu do Blues em Clarksdale, Mississippi. Há exatos 10 anos foi incluído no Blues Hall of Fame.
A banda que o amparou em seus shows no Brasil (Caxias do Sul, Porto Alegre e Lajeado) conta com os argentinos Nico Fami (guitarra) e Adrian Flores (bateria), além de sua filha, Shy Perry (teclado, na função do baixo), mesmo trio que vem ao Centro do RS. O show em Santa Maria é no Moto Garage, um dos bares da cidade que apostam na dobradinha rock/blues.
Confira review do show de Bill Howl-N-Madd Perry na primeira noite de MDBF
Confira review do show de Bill Howl-N-Madd Perry na terceira noite de MDBF
Confira review do show de Shye Perry na segunda noite de MDBF
Foto: Camila Gonçaves |
E quando o guitarrista se aventura pelas releituras de seus coirmãos, a versão de "Oh pretty woman" (Albert King) está entre os melhores momentos da noite, assim como "Love in vain" (Robert Johnson), uma das canções símbolos dos anos iniciais do blues e presença frequente no revival do gênero nos anos 1960. As vozes de pai e filha emprestam um charme especial ao refrão. As revisitações de "The sky is crying" (Elmore James) e "Catfish blues" (Robert Petway) se encaixam perfeitamente na voz catarrenta de Perry, com destaque para as ótimas intervenções de Nico Fami, sempre preciso nos solos.
Adrian Flores claramente se diverte na sua função de palco, há um permanente sorriso no rosto do argentino, além de uma constante troca de olhares com Fami. Esse foi o terceiro show que assisti com essa formação, e fica óbvio que o entrosamento do quarteto evoluiu ao longo desse minitour pelo RS. Já Shy Perry coloca a casa abaixo com "Wang dang doodle" (Willie Dixon), emulando a potência vocal de uma de suas inspirações, Koko Taylor. Ela também relembra "You got me running" (Jimmy Reed) e "Rock me baby", quando divide os vocais com o pai no clássico de BB King. Em quase duas horas de espetáculo, o público santa-mariense presenciou um autêntica noite de blues com os Perry.
Foto: Camila Gonçalves |
Shy Perry. Foto: Camila Gonçalves |
Nico Fami, Bill Howl-N-Mad-Perry, Adrian Flores e Shy Perry. Foto: Camila Gonçalves |
Foto: Camila Gonçalves |
Nenhum comentário:
Postar um comentário