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segunda-feira, 24 de maio de 2010

ZZ TOP - PORTO ALEGRE, 23 DE MAIO DE 2010

Fotos: Fábio Codevilla
Quando chego ao Pepsi On Stage, em torno das 21h, tenho uma certeza candente: a noite será explosiva! Esse sensação começa pelo fato de que nunca poderia imaginar estar frente a frente com Billy Gibbons (voz e guitarra), Dusty Hill (baixo e voz) e Frank Beard (bateria). E para se ter uma ideia do peso dessa chance de assisti-los ao vivo no RS, basta conferir o DVD "Live From Texas" (2008), registro que soa quase como uma reprise do estágio atual do ZZ TOP. Veja uma palinha no LINK     

Leia entrevista exclusiva de Billy Gibbons ao Memorabilia

Multifacetado, o público ZZtopeano reúne uma gama de rostos sorridentes digna das grandes bandas, pois estamos falando de uma legenda que já está na estrada há várias décadas — 40 anos para ser exato. Vi uma série de sósias de Gibbons e Hill espalhados pela plateia, além de muita gente que parece ter desembarcado direto de um encontro de motociclistas. A vibração da plateia minutos antes do início dos trabalhos é a melhor possível. 

Veja trechos do show pela captação de Homero Pivotto Jr. 

#

22h, o peso de “Got Me Under Pressure” trata-se da perfeita credencial do cardápio que será servido. Quanto ao set da apresentação, temos um espelho daquilo que o trio tocou no Chile e em São Paulo. O atual repertório está engessado nessa estrutura, salvo raras exceções. Há uma certeza: parte do melhor da história do trio está deflagrado neste resumo ao vivo. Problemas técnicos logo no início da apresentação não conseguem quebrar o clima, ou tirar a paciência do público (e do próprio ZZ Top). Poucos minutos depois, recomeçam com “Waitin’ For The Bus” e “Jesus Just Left Chicago”, dobradinha advinda do álbum “Tres Hombres” (1972). Inacreditável! Novos problemas técnicos fazem a banda novamente sair do palco por alguns minutos (pelo que parece os retornos dos músicos não estavam funcionando, talvez por problemas elétricos ou algo do gênero).

Foto: Fábio Codevilla
Tudo certo, em instantes eles voltam com “Pincushion” — e agora sim, o névoa de tensão que (quase) chegou a se formar dissipa-se completamente. Logo depois Billy anuncia o primeiro momento blueseiro da noite. A trinca formada por “I’m Bad, I’m Nationwide”, “Future Blues” e “Rock Me Baby” nos joga naquele clima dos enfumaçados botecos da imaginária contracultura americana. Considerado um dos grandes nomes de seu instrumento no rock, quando Gibbons saca do coldre o seu slide de metal vermelho, essa mescla de clichês bluesy e frases feitas assumem ligação direta com antigos mestre do gênero, um dos segredos de sua feitiçaria.

Foto: Fábio Codevilla
De volta ao tempero rock/blues eles repassam a genial “Cheap Sunglasses” e pulam “Francine” (que estava no set e que talvez tenha sido extirpada em virtude dos problemas técnicos que roubaram minutos preciosos do show). “I Need You Tonight” é a música mais deslocada do álbum “Eliminator” (1983), mas é um daqueles temas que mostram como o ZZ Top também possui repertório para mudar o tom da noite. 

Outra sacada de mestre são as vinhetas blueseiras, recurso utilizado em meomentos alternados do espetáculo — segundos de clássicos do rock/blues, geralmente como um falso início entre as canções, recortes que consequentemente incendeiam a massa. Billy deita e rola. A homenagem a Jimi Hendrix, em “Hey Joe”, também inclui um mini medley com “The Wind Cries Mary”. O telão ainda paga tributo com imagens do guitarrista morto há 40 anos. Vale lembrar que em 1969 o ZZ Top chegou a abrir alguns shows de Hendrix.  

"Party on The Patio”, como o nome sugere, é pura festança, e não passa de um daqueles números em que a dupla de barbudos mostra toda sua coletânea de dancinhas, canalhices e truques com os instrumentos. Em “Just Got Paid”, novamente brilha os slides malandros de Gibbons. Chegando próximo ao final do evento, o clima festivo volta com “Gimme All Your Lovin’”, “Sharp Dressed Man”, “Legs” e continua firme no bis, na divertida releitura de um sucesso de Elvis nos anos 1960 – "Viva Las Vegas". Pura fanfarrice.

Foto: Fábio Codevilla
"La Grange", boogie chumbado  com a influência do genial John Lee Hooker (haw, haw, haw!!!), é um extrato perfeito de uma apresentação do trio. É quando todos vivem seu mais intenso êxtase, mas finalmente (e infelizmente) “Tush” encerra o set com as perfeitas cores de uma autêntico 'Fandango'. 

É mais do que visível — o trio norte-americano se diverte um bocado no palco. No picadeiro do ZZ Top — troca de roupas, instrumentos, alternância de vocais entre Billy e Dusty, o telão dialogando som a som com o publico, garrafas de Jack Daniels voando, bate-papo com uma garota da produção em português, quebra de protocolo e por aí vai. Por mais que dê pra perceber que os texanos eventualmente se apoiam no uso de samplers e playback em alguns instantes do show, esse artifício soa como pura pilantragem circense, um componente a mais do espetáculo. No formato coice de porco — curto e eficiente — em cerca de 1h e 40 minutos os barbudos nos convencem de que vê-los ao vivo é estar frente a frente com parte da história do rock.   

Uma daquelas bandas que não nos deixa esquecer o quanto um show ao vivo pode ser divertido. Por favor, retornem o mais breve possível!

Setlist ZZ Top Porto Alegre

Got Me Under Pressure
Waitin' for the Bus
Jesus Just Left Chicago
Pincushion
I'm Bad, I'm Nationwide
Future Blues
Rock Me Baby
Cheap Sunglasses
My Head's in Mississippi
I Need You Tonight
Hey Joe
Brown Sugar
Party on the Patio
Just Got Paid
Gimme All Your Lovin'
Sharp Dressed Man
Legs

Encore:

Viva Las Vegas
La Grange
Tush

Foto: Fábio Codevilla

Foto: Fábio Codevilla

Foto: Fábio Codevilla

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