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segunda-feira, 26 de novembro de 2018

MISSISSIPPI DELTA BLUES FESTIVAL 2018 - 3ª NOITE, CAXIAS DO SUL, 24 DE NOVEMBRO

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Ian Siegal. Foto: Pablito Diego
Review Márcio Grings Fotos Pablito Diego (Há Cena) e Camila Gonçalves (Grings Tours)

Depois de dois dias atuando na cobertura da edição 2018 do Mississippi Delta Blues Festival, a Shack Edition chega a sua despedida, sem chuva e com milhares de pessoas se dividindo entre os seis palcos do MDBF. O maior festival de blues do continente fora dos Estados Unidos, novamente se despede deixando saudades, mas já com retorno programado para maio do próximo ano, com estreia do evento no Rio de Janeiro.    


Rodica Weiztman e a Performance Crowds, intervenções coreografadas no Magnolia Stage. Foto: Pablito Diego
O meu último dia começa no Magnolia Stage com a norte-americana Rodica Weitzman. Nascida em Boston e radicada no Brasil, Rodica tem um timbre vocal que me lembra de uma das minhas cantoras favoritas de blues rock, a escocesa Maggie Bell. Num repertório fora da curva dos tradicionais standards, entre os destaques de  “Blues in my blood” , seu álbum de estreia lançado em 2012, temas de John Lewis Parker, Bill Whiters, J.B. Lenoir, Chris Smither, Anthony Newley e Leslie Bricusse. Destaque para a melhor versão que já ouvi de “Angels of Montgmerry” (John Prime), além de novamente sacar de perto os incríveis Blues Groovers, formação que conta com Otávio Rocha (guitarra), Cesar Lago (baixo) e Beto Werther (bateria e voz de apoio).

Marcelo Villela. Foto: Pablito Diego
Ao passar pelo Flea Market, consigo pegar apenas os instantes finais do bailinho de Fran Duarte  e sua homenagem a Aretha Franklin. Festa em frente ao palco ao som de “Chain of fools”. Hopson Stage, o que inicialmente parece uma passagem de som da bateria de Pedro Strasser, aos poucos começa a ser reconhecida como a mais inusitada versão do Hino Nacional ouvida nos últimos tempos. Logo depois, oportunidade de conhecer Marcelo Villela, pioneiro do blues nacional e uma das cabeças pensantes do grupo Dr. Blues, ainda nos anos 1990. O cantor apresenta um show de resgate ao blues que o influenciou e também apresenta seu trabalho como compositor, canções como “Eu conheço o blues” (chapei nessa) e “Balada mansa”. Na banda base, Álamo Leal (guitarra), Wlad Pinto (baixo), Toyo Bagoso (harmônica) e uma das onipresenças do MDBF, Pedro Strasser (bateria), com participação de Ivan Mariz (guitarra).

Jes Condado e Natacha Seara. Foto: Pablito Diego
No Flea Market, a todo vapor segue o segundo show de Jes Condado e da gaitista Natacha Seara. Depois de tocar baixo no primeiro show, agora Jes se aventura na guitarra, e claro, convida vários amigos para dividir o palco. Uma verdadeira festa acontece naquele pedaço de MDBF. Natacha impressiona como instrumentista, numa apresentação ainda mais vibrante do que naquela que vimos na quinta-feira anterior no Magnolia Stage.     

Front Porch Stage lotadíssimo, afinal, noite de sábado no MDBF e Bob Stroger & The Headcutters é receita clássica de sucesso no festival. Entre as diferenças apresentadas no set da noite de sexta-feira (22), destaque para a divertida versão de “Don’t you lie to me”, de Chuck Berry, com direito ao coro no público no refrão. Já no Magnolia Stage a cantora carioca Sonja, acompanhado dos Larajeletrics, manda brasa numa versão de “Try (just a little bit harder)” de Janis Joplin. 

Bill Howl N' Mad Perry. Foto: Pablito Diego
De volta ao Hopson Stage, depois de vê-lo na Casinha, novo encontro marcado com Bill Howl-N-Madd Perry. E contrariando expectativas negativas de que num palco maior o show de Perry pudesse ser menos interessante, o velho Bill está endiabrado. Assim como a banda formada por Nico Fami (guitarra), Adrian Flores (bateria) e Shy Perry (voz de apoio teclado, na função de baixo) simplesmente tudo soa brilhante como uma bola de fogo.

Shy Perry; Foto: Pablito Diego
Diferente da primeira apresentação no evento, o músico norte-americano se aventura ainda mais nos solos, como também promove alterações no setlist. Seja na versão subvertida de “The sky is crying” (Elmore James), mas principalmente em “Way of blues”, o som do veterano bluesman soa como autêntico representante do North-Mississippi sound. Shy Perry canta (e encanta) em “Rock me baby” (B.B. King). Lotação completa sob a lona do Hopson Stage e aclamação ao final do espetáculo na despedida dos Perry, presentes na três noites de MDBF.   

Vanessa Collier. Foto: Camila Gonçalves
De volta ao Magnolia, tempo de ver um pedaço da apresentação da cantora/saxofonista norte-americana Vanessa Collier, um dos novos rostos do blues/soul mundial. Como banda de apoio, Fred Sunwalk & the Dog Brothers, espaço para improvisos, alternância de solos, várias canções dos dois álbuns de Collier, além de muito volume nos amplificadores. 

Ian Siegal. Foto: Pablito Diego
E eis que chega um dos momentos mais esperados dessa Shack Edition – segunda apresentação de Ian Siegal no MDBF, e primeira parte do show do músico inglês no Front Porch Stage. Parte do show, apenas Ian e seu National Ressonator 1929, e um vertiginoso passeio pelas raízes primitivas do blues. Em cerca de uma hora, esse britânico de 47 anos que escolheu Amsterdam como lar, nos abastece direto de uma das fontes mais prolíficas de seus encentrais artísticos, reluzindo números de Charlie Patton, Robert Johnson, Mississippi Fred McDowell, entre outros. 

Ian Siegal. Foto: Pablito Diego
No set, temas de domínio público, spirituals como “Religion” ou “John the Revelator”, esta último praticamente a capela, batucando ao violão. “Mary don’t you weep”, composição originária da época da Guerra Civil norte-americana, ainda hoje, sinônimo de esperança e resistência, ganha uma incrível versão  na sua inconfundível interpretação. Esse sentimento de resgate se mantém em “You got the move”, “Dust my broom”, "Come on im my kitchen" e “Ain’t nobody’s business”, uma divertida story teller de Taj Mahal que arranca risos da plateia. Um show histórico. E ainda teríamos a segunda parte com banda de apoio (Headcutters) + convidados. Me dá meu gorro! Em termos de blues raiz, poucas coisas podem ser maiores do que o que show que acabamos de ver...

JJ Thale. Foto: Camila Gonçalves
Enquanto caminho de uma direção para outra, ouço a guitarra de Ricardo Maca (The Headcutters), e sua releitura de “Dark was the night, cold was the ground”, de Blind Willie Johnson, introdução ao show de J.J. Thames, no Hopson Stage. A artista norte-americana é uma das grandes (novas) cantoras vindas direto do Estado do Mississippi, berço de centenas dos melhores músicos de blues. Na grupo base, Nicolás Duba (guitarra), Federico Torrens (teclado), Enrique Ferrari (baixo) e Juan Maddio (bateria), bando argentino conhecido como Cruxados Blues Band. Nesse meio tempo, pego apenas o finalzinho da apresentação do cantor irlandês Gallie no Folk Stage. Uma pena. MDBF, seu festival danado! Tanta coisa pra ver, muitas vezes TUDO ao mesmo tempo...

Ian Siegal + Heacutters e convidados. Foto: Pablito Diego
E minha despedida da Shack Edtion não poderia ser diferente, de volta a Casinha, segundo set de Ian Siegal. Agora ele está acompanhado dos Headcutters, além dos guitarrista Alámo Leal (RJ) e Luca Giordano (Itália). Partindo em direção ao catecismo de Chicago, oportunidade de vermos cruzamentos de estilos e alternâncias de solos, além de uma pauta repleta de releituras comuns a todos os amantes do blues, como “Killing Floor” (Howlin' Wolf). Grand finalle, Ian and fellows!  

Foto: Camila Gonçalves
Bye, bye, MDBF! Já no domingo, para nosso completo júbilo, como ocorre em todos os anos, a organização do festival anuncia a data do próximo Mississippi Delta Blues Festival. A 12ª edição será nos dias 21, 22 e 23 de novembro de 2019. O tema também já foi escolhido - trata-se de uma homenagem a festa carnavalesca que ocorre anualmente em Nova Orleans (EUA), o tradicional Mardi Gras.

Aos mais ansiosos, para àqueles amantes do gênero que encontram dificuldade em esperar doze longos meses para repetir a dose, a novidade é que em Maio de 2019 o MDBF vai estrear no Rio de Janeiro. A festa ocorre nos dias 23, 24 e 25 na região portuária. O festival carioca terá cinco palcos: Bottle Tree Stage, Front Porch Stage, Magnolia Stage, Quiosque Quase 9 e Banca do Blues. Esse MDBF só nos dá alegrias! Até 2019! 

Foto: Pablito Diego

Foto: Pablito Diego

Foto: Pablito Diego

Foto: Pablito Diego


Foto: Pablito Diego

Foto: Pablito Diego

Foto: Pablito Diego

Foto: Pablito Diego
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Foto: Pablito Diego

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Foto: Pablito Diego

Foto: Camila Gonçalves
Foto: Camila Gonçalves
Foto: Camila Gonçalves
Foto: Camila Gonçalves
Foto: Camila Gonçalves
Foto: Camila Gonçalves
Foto: Camila Gonçalves
Foto: Camila Gonçalves
Foto: Camila Gonçalves
Foto: Camila Gonçalves
Foto: Camila Gonçalves
Foto: Camila Gonçalves
Foto: Camila Gonçalves
Foto: Camila Gonçalves
Foto: Camila Gonçalves
Foto: Camila Gonçalves
Foto: Camila Gonçalves
Foto: Camila Gonçalves
Foto: Camila Gonçalves
Foto: Camila Gonçalves
Foto: Camila Gonçalves
Foto: Camila Gonçalves
Foto: Camila Gonçalves
Foto: Camila Gonçalves
Foto: Camila Gonçalves
Foto: Camila Gonçalves
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Foto: Camila Gonçalves
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Foto: Camila Gonçalves
Foto: Camila Gonçalves
Foto: Camila Gonçalves
Foto: Camila Gonçalves

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