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Fotos: Katarina Benzova (exceto indicada) |
Por Márcio Grings Fotos Katarina Benzova
A passagem de uma das turnês mais esperadas do ano, a “Not in this lifetime”, reunião que marca a volta de Slash e Duff McKagan a formação do Guns N' Roses após 23 anos, levou cerca de 50 mil pessoas ao Beira-Rio, em Porto Alegre. O show, realizado na escaldante noite da última terça-feira (8), demarca também a terceira passagem do grupo norte-americano pelo RS.
A passagem de uma das turnês mais esperadas do ano, a “Not in this lifetime”, reunião que marca a volta de Slash e Duff McKagan a formação do Guns N' Roses após 23 anos, levou cerca de 50 mil pessoas ao Beira-Rio, em Porto Alegre. O show, realizado na escaldante noite da última terça-feira (8), demarca também a terceira passagem do grupo norte-americano pelo RS.
Como alguém que conhece a carreira do Guns - porém
não se declara um fã de carteirinha (longe disso!) – a primeira impressão é que muitas das
canções que fizeram a fama do grupo continuam soando tão impressionantes ao
vivo, quanto na época em que foram lançadas, algumas a cerca de 30 anos. Com
isso, o repertório é construído por hit atrás de hit, além de cartas
marcadas que nunca saem da relação dos shows da banda.
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Foto: Katarina Benzova |
Com quase 30 minutos de atraso, o show começa com “It’s
so easy” e “Mr. Browstone”, dois temas faiscantes do álbum de estreia da banda, “Appetite for desctruction”. E se
podemos apontar destaques do novo tour sul-americano, um deles passa pela
presença de Slash, um dos últimos guitar heroes da história recente do rock. No
palco todos os brasões que o tornaram uma figura icônica do gênero: os óculos Ray-Ban
espelhados, o piercing no nariz, a cartola, os cabelos escondendo traços de
suas expressões, entre outros adereços e tiques. Acima de tudo, seja pela postura maquinada para coreografar frente
às câmeras, mas principalmente pelo seu desempenho impecável como
instrumentista, chance de assistir bem de perto um dos grandes guitarristas do rock
comendo a bola frente aos nossos olhos. E digo mais: provavelmente tocando até melhor que na
época de ouro do GNR. Curiosos vê-lo em “Chinese Democracy”, faixa título do
único álbum do Guns em que ele não participou. No entanto,
bastam os primeiros acordes de “Welcome to the jungle” para o público esquentar
de vez. Slash está de volta!
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Foto: Katarina Benzova |
Ainda como nos velhos tempos, Duff McKagan continua um
baixista eficiente e participativo. Seja pelos vocais de apoio precisos, pela
constante movimentação no palco ou pela interatividade e energia, ele ainda
brilha em seu momento solo como vocal líder em um medley em que homenageia
Johnny Thunders, guitarrista do New York Dolls (You can't put your arms around
a memory) e o Misfits (Attitude). Será que apenas eu acho Duff com a cara do David
Bowie?
E o que dizer de Axl? Os comentários dos primeiros shows na
América Latina e sua recente passagem pelo AC/DC, quando substituiu Brian
Johnson, falavam no ressurgimento de sua voz. O que podemos perceber em Porto
Alegre é que Axl continua revelando traços de seus melhores momentos, e muitas
vezes ele até se dá muito bem. É o caso de canções como “Double Talking Jive”, “Better” e
“This I love” (pra mim as melhores músicas de ‘Chinese Democracy’) e “Stranged”.
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Foto: Katarina Benzova |
“Live and Let Die”, releitura
dos Wings, é perfeita para reaquecermos a memória da grandiloquência das turnês
da banda durante a "Use Your Ilusion Tour", no início da década de 1990. Entretanto, em canções como
“Rocket Queen” e “You Could Be Mine” e principalmente em “Nightrain”, a voz de
Axl não chega nem perto dos velhos tempos. Seja pelo suporte técnico sabotando
nossos ouvidos ou pelo volume de sua voz propositalmente abaixo da parafernália
de instrumentos, muitas vezes o resultado final beira o constrangimento. De todo o
modo, podemos perceber que a todo o momento o repertório propõe inteligentes
refrescos para Axl: os instrumentais longos de “Coma”; a parte solo de Slash e
sua reinvenção sobre base do tema “The Godfather” (Nino Rota); a releitura em
dueto de guitarras de “Wish you where here” (Pink Floyd); os mach-ups e enxertos
que alongam canções - como no caso de “Baby I’m gonna leave you” (na versão do
Led Zeppelin) relida na introdução instrumental em “Don’t Cry”;
ou a parte final de “Layla” (Derek & The Dominos) no início de
“November Rain”. Ah, e Axl, apesar de não ser mais um garoto, continua correndo de um lado para o outro do palco, com uma disposição invejável.
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Foto: Katarina Benzova |
Se o público parece que foi esfriando ao longo da noite; se
muitas vezes vemos pessoas dando mais importância a selfies e postagens em
redes sociais do que em assistir de verdade um concerto, bem, isso são ações
sintomáticas dos nossos tempos. Quem quiser ondular de verdade, pegue o avião e
vá a Buenos Aires, pois os argentinos ainda são mestres em nos mostrar como uma
plateia faz a diferença em eventos desse porte.
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Duff, Axl e Slash. Foto celular. Arquivo pessoal |
Voltando a Porto Alegre, apesar de ser até aqui o show mais curto da GIG até agora, a passagem do Guns N’ Roses e seu tour “Not in this
lifetime” pelo RS foi um grande concerto de rock (por mais que parte da imprensa gaúcha tenha descido a lenha na apresentação). Vale lembrar que ao contrário de Buenos Aires, não tivemos a participação do primeiro baterista Steven Adler em "Out ta get me" e "Used to love her" ficou de fora do set.
Em resumo: no parque diversões do pop, Axl, Slash, Duff e os seus ainda conseguem se utilizar de princípios básicos e subterfúgios para entreter a massa.
Além do trio original, vale lembrar os nomes dos membros do time de apoio. Lá estão Dizzy Reed (teclados e percusão), velho colaborador de Axl; Richard Fortus (guitarra base); Frank Ferrer (bateria), e Melissa Reese (teclados).
Em resumo: no parque diversões do pop, Axl, Slash, Duff e os seus ainda conseguem se utilizar de princípios básicos e subterfúgios para entreter a massa.
Além do trio original, vale lembrar os nomes dos membros do time de apoio. Lá estão Dizzy Reed (teclados e percusão), velho colaborador de Axl; Richard Fortus (guitarra base); Frank Ferrer (bateria), e Melissa Reese (teclados).
Assim, a banda que reaqueceu e reinventou o hard rock na
virada dos anos 1980/90, parece ainda ter lenha pra queimar. Essa é a minha
impressão. Principalmente quando presenciamos instantes catárticos promovidos
pelo hino “Sweet child o’mine” ou pela versão de “Knockin’ on heavens’s door”
(Bob Dylan). Caiu bem no show a releitura de "The Seeker", do The Who, uma daquelas bandas dos sonhos que bem que poderia pintar por aqui, não acham? E "Paradise City" dá o tom final da noite. É verdade, viva aos paraísos artificiais construídos pelo rock'n'roll...
Quanto ao Guns N' Roses, aguardemos novidades no front. Posso estar enganado, mas eu acredito que ainda teremos boas novas vindas de Axl Rose e banda.
Set List:
It's So Easy
Mr. Brownstone
Chinese Democracy
Welcome to the Jungle
Double Talkin' Jive
Better
Estranged
Live and Let Die
Rocket Queen
You Could Be Mine
You Can't Put Your Arms
Around A Memory/Attitude
This I Love
Civil War
Coma
Band intros into Slash
solo - Speak Softly Love (Love Theme From The Godfather/Andy Williams)
Sweet Child O' Mine
Jam ("Wish You
Were Here/Layla”)
November Rain
Knockin' on Heaven's
Door
Nightrain
Encore:
Jam (Babe I'm Gonna
Leave You)/Don't Cry
The Seeker
Paradise City
Paradise City
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Foto: Katarina Benzova |
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A produção do GNR não autorizou o credenciamento de fotógrafos para o tour sul-americano. Com isso, exceto na imagem indicada acima, todos os cliques são da fotógrafa oficial da banda, a ex-modelo eslovaca Katarina Benzova. Nossos agradecimentos a Ton Muller (Cifra Club News), autor das imagens abaixo feitas com seu smartphone e também do vídeo com trechos da passagem do Guns pelo Beira-Rio.
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Foto (smarthphone): Ton Muller |
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Foto (smarthphone): Ton Muller |
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Foto (smarthphone): Ton Muller |
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Foto (smarthphone): Ton Muller |
Belo texto Grings!
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