Ouvir Def Leppard é como voltar a ler as revistas da Marvel. Ainda mais agora que o guitarrista Phil Collen está tão malhado quanto o Justiceiro. Justiça seja feita, quando garoto, essa era uma das bandas de metal que mais fizeram minha cabeça. Lembro do LP do primeiro Rock in Rio girando no meu toca-disco Philips e de como "Rock of Ages" batia forte naquela época. É, eles estavam no disco, mas acabaram cancelando a apresentação por aqui. Falei dos heróis da Marvel, porque quando garoto coincidentemente também lia meus gibis com o som lacrado na sala da casa dos meus pais. E "Pyromania" (1983) era arroz de festa.
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Phil Collen. Foto: Ton Muller |
Ligada ao New Wave of Heavy Metal do início dos anos 1980, ao lado de bandas como Iron Maiden e Saxon, o Def Leppard redefiniu o som pesado numa das décadas de ouro do gênero. A base do show passa por “Hysteria”, álbum produzido por Robert John "Mutt" Lange e lançado há exatos 30 anos. Vendeu mais de 20 milhões de cópias, tanto que nesse tour comemorativo - sete músicas o representam no atual set: "Animal", "Armageddon It", "Hysteria", "Love Bites", "Pour Some Sugar On Me" e "Rocket", ou seja, praticamente metade do espetáculo. Apenas duas canções são do play mais recente, lançado em 2015. O restante é formado por faixas que formam o G Hits do quinteto e já circulam no setlist há mais de 25 anos.
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Vivian Campbell; Foto: Ton Muller |
19h25, no palco, quatro membros da formação clássica da banda - Joe Elliott (vocais), Phil Collen (guitarra e voz), Rick Savage (baixo e voz) e Rick Allen (bateria). Steve Clark morreu de overdose em 1991. No seu lugar entrou Vivian Campbell (guitarra e voz), músico que também emprestou seu talento para bandas como Whitesnake e Thin Lizzy, além de trabalhar na escuderia de um dos baixinhos mais geniais do metal, Mr. Ronnie James Dio. Uma das atrações do Def Leppard é ver o baterista Rick Allen tocando, já que o músico se apresenta com uma bateria especial devido ao braço esquerdo amputado num acidente automobilístico em 1984. Desde então toca descalço, usa uma bateria feita especialmente para ele e cujos controles de ritmo estão todos nos pés. "Rick é melhor baterista agora do que quando tinha dois braços", afirma o vocalista Joe Elliot.
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Rick Allen. Foto: Ton Muller |
Apesar do pouco público que àquela altura estava começando a chegar no Beira-Rio para o principal show da noite (como competir com The Who?), já no segundo número, em "Animal", dava pra perceber que haviam fãs do Def Leppard de prontidão. E Joe Eliott logo deu jeito de estreitar essa interação. Um dos grandes diferenciais do grupo, passa pelo cruzamento de vozes e a alternância delas dentro dos arranjos. Assim como as guitarras sobrepostas, as vozes atuam como camadas sonoras. E o Leppard sempre joga pra canção, fechando a porta para os improvisos. O resultado final é que ouvimos ao vivo algo muito próximo do que foi gravado nos discos. O retrato desse desenho está em "Love Bites", um daqueles momentos que até quem não sabe nada sobre o Def Leppard se depara com uma canção conhecida, graças a versão de "Mordida de Amor" do grupo Yahoo. Em "Armagedon It" eles não alternam apenas os vocais, mas também as posições de cada um no palco.
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Rick Savage. Foto: Ton Muller |
Em um show dinâmico e relativamente curto (1h12) o Def Leppard empilha seus hits e ganha a simpatia do público. Destaque para "Rock of Ages" e "Photograph", duas músicas que indiscutivelmente fizeram parte da minha adolescência e da geração que curtia o heavy metal dos anos 1980. Foi um belo aquecimento... E ainda tínhamos o The Who, os verdadeiros super-heróis da noite. E que noite....
Confira o serlist completo do Def Lepard em PoA:
Let's Go
Animal
Let It Go
Love Bites
Armageddon It
Man Enough
Rocket
Bringin' on the Heartbreak
Switch 625
Hysteria
Let's Get Rocked
Pour Some Sugar On Me
Rock of Ages
Photograph
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Joe Elliott. Foto: Ton Muller |
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