Fotos: Soraia Hossain |
Artisticamente falando, eu sempre soube
que ter uma casa lotada nem sempre é sinônimo de uma noite memorável. E o
Opinião não estava lotado na noite deste último domingo (11). Longe disso. No
entanto, posso afirmar que o povo que esteve no bar assistiu um grande concerto
de rock.
Leia entrevista exclusiva com Mark Farner
Em 1h e meia de espetáculo, Mark Farner, fundador e mentor intelectual do Grand Funk Railroad, ensinou como se reza a missa! E nada de músicas de sua carreira solo, só deu GFR na jogada. E era o público do Grand Funk que estava por lá. Se assim como no Creedence Clearwater Revisited, Stu Cook e Doug Clifford tocam em frente o nome do Creedence sob uma escuderia capenga, sem John Fogerty, o mesmo acontece com o Grand Funk. Atualmente, Mel Schacher e Don Brewer, usam o brasão do GFR como emblema de uma banda que não existe mais. Nos dois casos algo está muito claro: John Fogerty é o CCR. Assim como, Mark Farner é o GFR.
10h em ponto. Farner começa com a melhor das aberturas. “Are You Ready”, abre-alas do álbum “On Time”. Com um sorriso aberto nos lábios, e mostrando a velha potência vocal que o caracterizou nos anos 70, o guitarrista deu o tom da noite: rock pesado em clima de festa. De cara já me chama a atenção a cozinha rítmica negra formada pelo baixista Lawrence Buckner (que já tocou com Ringo Starr) e o baterista Hubert Crawford (residente dos Bar-Kays e sideman de James Brown). No caso de Buckner, dá pra sacar que sua escola difere das referências do baixista original da banda, entretanto, isso não chega a comprometer, pelo contrário, há reverência e acréscimos nas linhas compostas originalmente por Mel Schacher.
Leia entrevista exclusiva com Mark Farner
Em 1h e meia de espetáculo, Mark Farner, fundador e mentor intelectual do Grand Funk Railroad, ensinou como se reza a missa! E nada de músicas de sua carreira solo, só deu GFR na jogada. E era o público do Grand Funk que estava por lá. Se assim como no Creedence Clearwater Revisited, Stu Cook e Doug Clifford tocam em frente o nome do Creedence sob uma escuderia capenga, sem John Fogerty, o mesmo acontece com o Grand Funk. Atualmente, Mel Schacher e Don Brewer, usam o brasão do GFR como emblema de uma banda que não existe mais. Nos dois casos algo está muito claro: John Fogerty é o CCR. Assim como, Mark Farner é o GFR.
10h em ponto. Farner começa com a melhor das aberturas. “Are You Ready”, abre-alas do álbum “On Time”. Com um sorriso aberto nos lábios, e mostrando a velha potência vocal que o caracterizou nos anos 70, o guitarrista deu o tom da noite: rock pesado em clima de festa. De cara já me chama a atenção a cozinha rítmica negra formada pelo baixista Lawrence Buckner (que já tocou com Ringo Starr) e o baterista Hubert Crawford (residente dos Bar-Kays e sideman de James Brown). No caso de Buckner, dá pra sacar que sua escola difere das referências do baixista original da banda, entretanto, isso não chega a comprometer, pelo contrário, há reverência e acréscimos nas linhas compostas originalmente por Mel Schacher.
Fotos: Soraia Hossain |
Já Crawford, Deus do Céu! Que baterista! Uma máquina de ritmo e
empolgação. Completando o apoio, o tecladista e vocalista Karl Propst, músico que já esteve na estrada com nomes como B.B. King e
Bo Diddley. Praticamente sem intervalo entre uma música e outra, Mark foi enfileirando hits como “Rock and Roll Soul”, “Footstompin’ Music” (com ele comandando o Harmond) e We’re An American Band (cantada pelo tecladista). Pequena
pausa para um boa noite ao público, e logo reconheço um dos temas do celebrado
Red Album (1970). O riff descolado de “Mr Limousine Driver” embalou
minha adolescência e definitivamente colocou meu pé no rock setentista. Depois
vieram a longa “Paranoid”, a melancólica “Mean Mistreater” (com
Mark novamente nos teclados), a pesada “Shinin’ On” e “Sin’s a good man’s Brother”. O momento Bailinho da Saudade chega com a balada
embaladinha “Bad Time”, quando também percebo que o teto do Opinião fica igual um
céu azul ensolarado. O impressionante, é que mesmo aos 63 anos, Farner ainda
canta e se movimenta no palco como nos velhos tempos, demonstrando uma
vitalidade de dar inveja a outros artistas bem mais novinhos, e que inclusive
já não dão mais conta do recado.
Foto: Soraia Hossain |
“The Loco-Motion”, releitura de Little Eva que fez o Grand Funk vender milhões
em todo mundo põe a casa a cantar em uníssono, para logo depois seguir no mesmo
clima em “Some kind of Wonderful”, clássico da soul music que Mark divide os vocais com seu
baixista. “Heartbreaker”, o primeiro som do GFR que conheci, é o falso adeus da
noite. Após o hard blues arrasa quarteirão, a banda sai do palco. Apenas Hubert
Crawford retorna. o músico faz o seu solo e justifica o apelido de “Bomba H”.
Uma performance digna dos melhores baterista do gênero, alternando sutileza e
batidas com mão de chumbo, cozinha branquela e pancadaria nas peles lá John
Bonhan, além de ritmos de musica black. Mark se junta a Crawford, e também dá
sua batucada.
Na sequência, com o quarteto inteiro de volta as quatro linhas, é a vez de “Inside Looking Out”, a canção que o Grand Funk roubou do Animals. O público canta alto e dança. E a cereja do bolo fica com aquela, que em minha opinião, talvez seja o mais representativo tema composto por Mark Farner, “I’m Your Captain”. Antes de tocá-la, Farner agradece a todos aqueles que estão na torcida pela melhora de seu filho, Jesse, que ficou tetraplégico em um acidente, enquanto acampava com alguns amigos, em 2009. A letra avisa: “Ouçam todos / Me devolvam meu barco / Eu sou seu Capitão / Embora esteja me sentindo muito doente”. Mais adiante, ele arremata: “Eu estou perto de casa”. Na verdade, na noite desse último domingo, todos nós nos sentimos em casa. Sãos e salvos sem nenhum arranhão. O bom rock ainda salva.
Foto: Soraia Hossain |
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