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Fotos: Ericson Friedrich |
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Por Márcio Grings Fotos Ericson Friedrich
De acordo com os relatos de quem esteve na primeira passagem
do Aerosmith pelo Rio Grande do Sul, em 2010, no Estacionamento da FIERGS, problemas
técnicos e o local escolhido para a apresentação ofuscaram o brilho do evento. Sete
anos depois, estamos salvaguardados, pois o show acontece no Olimpo dos grandes
espetáculos — Gigante da Beira-Rio, em modelo reduzido de anfiteatro. E o
Rock’n’Roll Rumble Tour desembarca por aqui, revirando os primórdios do grupo
nos anos 1970 e revisitando seu retorno nos anos 1980. E mais: cirurgicamente elenca os hits que
conhecemos de cor. Para quem chegou cedo, próximo ao horário da
abertura dos portões, foi possível ouvir a longa passagem de som de Steven Tyler,
Joe Perry, Brad Whitford, Tom Hamilton e Joey Kramer. O clima de show se
instala numa bonita tarde de primavera, e, enfileirados em frente aos portões
de acesso, os fãs escutam
algumas pistas do que viria logo mais. Destaque para a passagem de som com
“Kings and Queens”, repetida várias vezes pelo quinteto até o aprumo
final. Do lado de fora do Beira-Rio, ouvíamos tudo. Foi um belo aquecimento.
Confira ÁLBUM DE FOTOS por Ericson Friedrich
Pouco antes do início das ações,
enquanto os técnicos fazem os últimos ajustes e os músicos se posicionam, o
alvoroço da audiência é ruidoso. Ainda com as luzes apagadas, a voz de Muddy
Waters ecoa pelos alto-falantes em “Mannish Boy”, conexão direta com “Back in
the Saddle”. A faixa 1 do Lado A de “Rocks” (1976) é o aviso de que os anos
iniciais do Aerosmith cravam as unhas na turnê Rock’n' Roll Rumble. Há certa
tensão na cozinha de Hamilton e Kramer, com Whitford e Perry amplificando essa
sensação em suas guitarras, o que proporciona uma cama para as metáforas sexuais:
“I'm ridin', I'm loadin' up my pistol”.
Nessa cavalgada como caubói do asfalto, “Back in the Saddle” representa uma ode
à libertinagem perpetrado nos bramidos de Tyler: “I'm ridin', this snake is
gonna rattle”.
Ele canta toda a música na extensão frontal do palco que o leva até o meio do
público. Como um dervixe cheio de penduricalhos, os cabelos longos e grisalhos
esvoaçam frente aos ventiladores. Joe Perry está ao seu lado, os Toxic Twinsem carne e osso, para, logo após, o botão turbo ser acionado em “Love in an Elevator”.
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Foto: Ericson Friedrich |
#Seletadas de “Get a Grip” (1993), a
chapa esquenta ainda mais em “Cryin” e “Crazy”. Já “Kings and Queens”, melhor
faixa de “Draw the line” (1977) e tema desaparecido há dois anos do setlist, é
a grande surpresa da noite para os que não
ouviram o ensaio geral da tarde. A lembrança do vinil girando no meu toca-discos
Philips é reavivada quando
a ouço, pela enésima vez naquele dia, conforme
o spoiler de horas antes. Steven Tyler a canta assombrosamente bem. Escolha sua
melhor performance... ele está endemoniado! O megahit “Livin’ on the Edge” é
prova viva dessa vitalidade e nos alerta sobre o status quo: “There's something
wrong with the world today / The light bulb's getting dim / There's a meltdown
in the sky”. A lenha pesa em “Rats in the cellar”, mais uma de “Rocks”, para
logo depois ouvirmos “Dude (Looks like a Lady)”, uma das canções que marcam o
ressurgimento do Aerosmith em “Permanent Vacation” (1987). “Same Old Song and
Dance” abre com um dos melhores riffs de Joe Perry, terreno pedregoso onde o Aerosmith
pisa. Já “Monkey on My Back” certifica a luta, a virada de chave de Steven Tyler e seu grande triunfo no final
daquela década, quando finalmente ficou livre das drogas pesadas.
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Foto: Ericson Friedrich |
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Em “Pink”, de “Nine Lives” (1997), o
vocalista recebe um boá rosa como emblema artístico de apoio ao “Outubro Rosa”,
e o laço símbolo da campanha sobre prevenção do câncer de mama é projetado no
telão. “Rag Doll”, mais uma de “Permanent Vacation”, parece deliciosamente
envelhecida, como se viesse dos anos 1970, culpa do enredo alquímico das
guitarras. Buck Johnson (Hollywood Vampires, The Doobie Brothers), músico de
apoio do Aerosmith desde 2014, está nas teclas e vocais de apoio. A releitura de “Stop Messin’ Around”
(Fleetwood Mac) é o momento em que Perry assume a voz principal e oferece um
refresco para Tyler. Bem-humorado, o guitarrista aparece no telão junto ao
Monumento do Laçador, um dos símbolos da capital gaúcha, local onde registrou
imagens no dia anterior. “I Don’t Want to Miss a Thing”, canção
escrita por Diane Warren (endereçada à Celine Dion, acreditem!), está em casa com o Aerosmith, e o
mesmo pode ser pressentido na releitura de “Come Together”. A levada de bateria
de Joey Kramer é o engana bobo para um dos maiores sucessos do Aerosmith nos
anos 1970, a libidinosa homenagem a
uma cheerleader
em “Walk this way”, de “Toys in the Attic” (1975). Aqui, agora, tudo estremece, e a turba se eleva
com esse pré-rap que renasceu com a releitura do Run DMC.
O cover de “Train Kept a-Rolling”,
número que ganhou fama com o Yardbirds nos anos 1960, confirma a natividade do grupo em elevar o blues à
potência máxima. Breve intervalo, e Steven Tyler retorna ao palco como
pianista, de volta a uma das zonas mais frequentadas da noite, na extensão
frontal que o deixa no meio do público. Ele toca a música que lançou a banda
em 1973. É incrível, mas “Dream On” ainda brilha como tinta fresca, sintonizada
com o cânone das baladas e do hard rock. O piano man de ocasião é tomado por
luzes róseas e sobretons azulados, e você imagina de onde talvez tenha surgido a
inspiração de Axl Rose para fazer algo parecido em “November Rain”.
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Foto: Ericson Friedrich |
Rosto de
boneco de cera, olhar travado, uma efígie que naquele instante corporifica o
rosto e o olhar petrificado do Dr. Emmett Brown. É Tom
Hamilton que lentamente caminha pelo palco com um baixo azul, cruzando o som
gelatinoso de seu instrumento com o talk box da guitarra de Perry. É como se o bordão fosse proferido: “Super Gêmeos,
ativar!”; a mágica acontece, e a audiência ondula em “Sweet Emotion”, uma das canções mais emblemáticas do
Aerosmith, máquina do tempo que nos leva direto ao melhor do rock dos anos 1970. Ao final, estamos envoltos numa nuvem
artificial que precipita sobre nós uma chuva de papel picado. Fico com a
sensação de que talvez estejamos vendo o grupo norte-americano pela última vez.
Em recentes entrevistas, Steven Tyler anunciou que o grupo fará uma turnê de
despedida em 2017. Quem viver verá.
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Foto: Ericson Friedrich |
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Foto: Ericson Friedrich |
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Foto: Ericson Friedrich |
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Tyller lançando a harmônica em direção ao público. Rápido no gatilho, esse é nosso fotógrafo Ericson Friedrich! |
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Foto: Ericson Friedrich |
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Foto Ericson Friedrich |
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Foto (celular): Márcio Grings |
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