Fotos: Fábio Codevilla |
Muitos dos que foram até o Gigantinho na noite dessa segunda-feira não sabiam. No entanto, grande parte de todos nós, certamente estava em busca de algum tipo de elo perdido. Afinal, o rock de ontem e a sombra de áureos tempos ainda sobrevive em nossas memórias e toca-discos. Esse jogo entre passado, presente e futuro, é algo que inevitavelmente permeia a imagem de um dos cantores mais importantes da história do rock, e indubitavelmente paira como assombração sobre o artista que foi, e aquele ao qual hoje vemos no palco do Gigantinho.
Às 21h35min, Plant dá início à noite gaúcha do atual tour pelo Brasil. Aos 64 anos, o vocalista
inglês está à frente do The Sensational Space Shiffters, time de músicos
formado por Justin Adams — guitarra, bendir e vocais; Billy Fuller — guitarra e
vocais; John Baggott — teclados;Liam “Skin” Tyson — guitarra e vocais e Dave
Smith — bateria e percussão, com destaque para o músico gambiano Juldeh Camara — ritti (violino africano de apenas uma corda) e kologo (espécie de banjo africano).
Foto: Fábio Codevilla |
E digo mais: músicos como Peter Gabriel, David
Byrne, Sting e tantos outros são notórios por pisarem nesse território de diversidade e
globalidade musical — algumas vezes eles acertam o alvo, outras tantas, não. Sem soar pretensioso ou ineditista, Plant
parece ter encontrado a medida certa em um caminho semelhante de imersão e experiência. Tanto que em dado
momento um clássico do Led Zeppelin pode ser desconstruído e desfigurado — é o caso da
versão de “Black Dog”. Já “Ramble On”, “Friends”, “Four Sticks” e “Going To
California” deixam os fãs em êxtase, principalmente pelo fidedigno espelhamento nas originais, mesmo sem abandonar a roupagem acústica. E mesmo
quando não revisita os clássicos de sua banda, há momentos em que o Led ressurge
reencarnada na apresentação — mesmo que o solista não esteja com uma Les Paul em bandoleira, mas uilizando instrumentos como ritti e kologo. Também se faz necessária a conexão com "No Quarter", álbum lançado em parceria com Jimmy Page, ainda na primeira metade dos anos 1990, e que também rendeu um tour mundial. Robert Plant não abandou os orientalismos, uma antiga influência também responsável pelas credencias de "Kashmir", um dos principais tema de "Physical Graffiti" (1975).
Foto: Fábio Codevilla |
“Mighty Rearranger”, álbum lançado pelo artista em
2005, é o trabalho solo que mais fornece lenha para o atual repertório (são
cinco temas), capturando uma intenção sonora que fornece a chave da atual "sonoridade Plant”. É interessante ver um dos gigantes do rock mundial, homem acostumado aos tours e com milhares de shows nas costas, encerrando a turnê pelo Brasil com visível semblante de contentamento. Em diversos momentos do espetáculo, Robert Plant busca interação com a banda e se energiza com o caloroso público gaúcho. O Gigantinho lotado (cerca de 10 mil pessoas), faz coro no “parabéns a você” em português para um amigo de Plant, membro de seu entouràge homenageado na apresentação.
Foto: Fábio Codevilla |
De toda forma, podemos afirmar que Porto Alegre nunca
teve uma semana mais Zeppeliana.
Confira o setlist:
Confira o setlist:
01 Tim Pan
Valley (Mighty Rearranger) – 2005
02 Another Tribe
(Mighty Rearranger) – 2005
03 Friends (Led
Zeppelin III) – 1970
04 Spoonful –
releitura de Willie Dixon
05 Somebody
Knocking (Mighty Rearranger) – 2005
06 Black Dog –
(Led Zeppelin IV) – 1970
07 All The King
Horses (Mighty Rearranger) – 2005
08 Bron-y-aur
Stomp (Led Zeppelin III) – 1970
09 The Enchanter
(Mighty Rearranger) – 2005
10 Four Sticks
(Led Zeppelin IV) – 1971
11 Ramble On
(Led Zeppelin II) – 1969
12 Fixing To Die
–releitura de Bukka White (Dreamland) – 2005
13 Whole Lotta
Love + medley com Who Do You Love, Steal Away e Bury My Body – (Led Zeppelin
II) – 1969
Bis
14 Going To California (Led Zeppelin IV) – 1971
15 Rock and Roll (Led Zeppelin IV) – 1971
15 Rock and Roll (Led Zeppelin IV) – 1971
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