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quarta-feira, 8 de novembro de 2017

GREEN DAY - PORTO ALEGRE, 7 DE NOVEMBRO DE 2017

Foto: Michael Paz
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Texto Márcio Grings Fotos Michael Paz/ BMoov


Se alguém acredita que o rock'n'roll é um gênero em extinção, todas as teorias da conspiração caem por terra se você tiver a oportunidade de assistir a um show do grupo norte-americano Green Day. Formado há exatos 30 anos, o trio se apresentou nesta terça-feira (7) no Beira-Rio (em formato de anfiteatro), frente a cerca de 15 mil pessoas, sete anos depois da primeira passagem do grupo pela capital gaúcha. Para quase três horas de apresentação, Billie Joe Armstrong (guitarra e voz), Mike Dirnt (baixo e vocal de apoio), e Tré Cool (bateria e vocal de apoio), ainda contam com o suporte de Jason White (guitarra e vocal de apoio), Jeff Matika (violão, guitarra e vocal de apoio) e Jason Freeze (teclados, violão, trombone, saxofone, acordeon, vocal de apoio). 

Foto: Michael Paz
Em toda a sua trajetória, o Green Day é uma daquelas bandas que não apenas marcaram uma época especifica com álbuns e canções: - o grupo permanece produzindo bons discos e demonstrando a olhos vistos uma crescente evolução na forma de produzir a sua obra. Mais recentemente podemos citar o excepcional "American Idiot" (2004), álbum com status de ópera rock e marca do talento político das letras de Billie Joe Armstrong. Já o último trabalho, "Revolution Radio", lançado no ano passado, contribui com várias canções no tour homônimo que passou por Rio, São Paulo e Curitiba antes de desembarcar em Porto Alegre (no set gaúcho foram cinco canções). Isso revela que a banda continua olhando para frente, apontando sua carta de intenções também (e principalmente) para o futuro do rock. Para tanto, trago a lembrança de que muitos shows internacionais que cruzam pelo país atualmente não passam de um exercício de saudosismo (sem demérito algum). Por isso, podemos afirmar que assistir ao Green Day ao vivo é como projetar o futuro do rock, ou no mínimo uma expectativa positiva de que ainda haja espaço para a guitarra na música pop.     

Foto: Michael Paz
O show ainda nem começou, e todo o burburinho aumenta quando os temas incidentais do espetáculo tocam em alto e bom som pelo estádio. Na verdade esses mesmos clássicos dão a letra de alguns aspectos da noite. Quando "Bohemian Rapsody" ganha a adesão imediata do público, a lembrança de Freddie Mercury como um dos maiores performers do rock, encontra em Billie Joe um discípulo de sua prática de manipular grandes audiências. Uma das marcas da apresentação é o incansável líder/guitarrista/vocalista/compositor, presença imparável dentro das quatro linhas do palco e interação com o público. "Blitzkrieg Bop" dos Ramones é o elo punk com o Green Day, uma banda que passa pelo abecedário do gênero, e cartilha que induziu o Green Day aos primeiros passos, mas que permanece lumiando o espírito da banda. E por último, "Also Sprach Zarathustra", peça sinfônica do compositor Richard Strauss, e abertura dos shows de Elvis Presley nos anos 1970. Sim,o rock permanece vivo e pulsante nas batidas de nossos corações. 21h5, finalmente começa o show. Ele só irão arredar o pé do palco 2h45 depois...

Foto:Michael Paz
Assistir o Green Day ao vivo é como presenciar uma final de Copa do Mundo. Em cada música há uma entrega absurda da banda, com Billie Joe insistindo a todo momento que todos estamos convidados a participar dessa festa particular. Já no início, em "Know Your Enemy" um fã sobe ao palco e contribui com seu backing ao lado do vocalista. Logo depois, instigado pelo vocalista, o mesmo  indivíduo voa sobre o público como um planador humano - o primeiro mosh da noite. Recado dado, em frente a pista o público abre uma imensa brecha e rola o tradicional pogo (roda punk), onde dezenas de fãs se empurram e acotovelam em tom de distração e brincadeira. 

Foto: Michael Paz
Não tem como não tirar o chapéu para Billy Joe, o homem é um dos atuais showmen do rock. Assim, sempre através da voz de comando do líder do grupo, o público pode migrar amigavelmente para o palco na figura de uma menina que canta, dança e interage com os músicos; outra garota toca guitarra (e ainda leva o instrumento de presente para casa). Billie Joe faz caretas, dança, rebola, troca de figurino (e de guitarra várias vezes), coloca uma tiara feminina, tremula bandeiras de protesto contra Temer e Trump e a favor do Movimento LGBT, enfim, um manifesto artístico digno dos grandes palcos.

Reprodução Instagram Billie Joe Armstrong

Sem preocupações visuais extremas, o telão central emplaca imagens fixas e sem grande variação de temas, com os telões laterais seguindo toda a ação no palco. Visualmente, os calorosos canhões de fogo posicionados ao fundo do palco, são o ponto alto pirotécnico da apresentação. Porém, o esqueleto do espetáculo está alicerçado naquilo que realmente importa: - a música e a forma como o Green Day entrega isso para o público.

Quanto ao repertório, as escolhas do grupo marcam X na boleta de quatro álbuns: ""Dookie" (1994), "Nimrod" (1997) e "American Idiot" (2004), além do mais recente trabalho, "Revolution Radio", que inclusive empresta seu nome ao tour. 21 músicas saltam dos respetivos álbuns para compor a maior fatia do show. O restante é pinçado de outros 5 álbuns do grupo. Destaque para um medley de clássicos do rock, incluindo canções dos Beatles (Hey Jude), Rolling Stones (Satisfaction) , The Doors (Break On Through) e Isley Brothers (Shout) e a zoada do Monthy Python em "A Vida de Brian" (Always Look On the Bright Sight of Life). 

Confira a performance de "She".



Grings - Tours, Produções e Eventos (Santa Maria) e Jamil Magic Bus (Passo Fundo) agradecem aos clientes e amigos que escolheram compartilhar experiências conosco. Até o próximo tour. Nosso agradecimento especial a Agência Cigana pelo suporte e credenciamento. 

***

Green Day - Setlist Porto Alegre "Revolution Tour"

Know Your Enemy
Bang Bang
Revolution Radio
Holiday
Letterbomb
Boulevard of Broken Dreams
Longview
Youngblood
2000 Light Years Away
Armatage Shanks
J.A.R. (Jason Andrew Relva)
F.O.D.
Scattered
Waiting
Hitchin' a Ride
When I Come Around
She
Minority
Are We the Waiting
St. Jimmy
Knowledge
Basket Case
King for a Day
Shout / Always Look on the Bright Side of Life / Break on Through (to the Other Side) / (I Can't Get No) Satisfaction / Hey Jude
Still Breathing
Forever Now

Encore:

American Idiot
Jesus of Suburbia

Encore 2:

21 Guns
Good Riddance (Time of Your Life)


Foto: Michael Paz
Foto: Michael Paz

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