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quarta-feira, 2 de outubro de 2019

HELLOWEEN - PORTO ALEGRE, 1° DE OUTUBRO DE 2019

Foto: Divulgação Facebook Helloween 
Review Márcio Grings Fotos Edu Deferrari/Opus (exceto indicadas)

A vinda do Helloween ao Brasil em 2019 não estava no script, ou seja, vê-los em Porto Alegre nesse dia 1° de outubro foi um golpe do destino. Quando recebeu o convite de última hora em junho passado, o septeto estava em estúdio. Portanto, a nova incursão pelos palcos brasileiro se deve ao cancelamento da vinda do Megadeth, banda que suspendeu o novo tour logo após Dave Mustaine ser diagnosticado com câncer. Atualmente em tratamento, o guitarrista ainda está afastado dos palcos. 

Desde 2016 o Helloween conta com uma formação inusitada. Depois que o vocalista Michael Kiske e o guitarrista Kai Hansen resolveram suas diferenças com os antigos colegas e voltaram à banda de power metal, o retorno não se configurou na exclusão dos músicos que os substituíram. Tanto que Kiske hoje divide os vocais com Andi Deris, que se juntou ao Helloween em 1994, justamente para ocupar o lugar de seu predecessor. A banda ainda conta com Sascha Gerstner e Michael Weikath (guitarras), Markus Grosskopf (baixo), além de Dani Löble (bateria), 

Foto: Opus promoções/Edu Deferrari
O PUMPKINS UNITED WORLD TOUR circulou por três continentes, passando por 32 países, somando 69 shows para mais de um milhão de pessoas. A turnê terminou em dezembro de 2018, e de certo modo, ganha sobrevida nessa início de primavera no RS. Inicialmente programado para ser realizado ao ar livre, na Arena do Grêmio, Rock ao Vivo, evento que ainda recebe Whitesnake e Scorpions, configura-se numa abafada maratona de shows na abóbada escaldante de 40º graus que se tornou o Gigantinho nessa primeira terça-feira de outubro. Nada que não tire a empolgação do público, carente de espetáculos do gênero. Além do calor, a acústica do local funcionou perfeitamente — som de primeira linha no redescoberto Gigantinho. 

Foto: Opus promoções/Edu Deferrari
Às 18h25, justamente no instante em que o calor parece atingir seu ápice, o grupo alemão sobe ao palco. Em poucos minutos, Kiske e Deris suam como se estivessem no sol a pino, derretendo sob às luzes, a dividir vocais e a atenção em "I'm Alive". Na necessidade de suprimir o setlist em pouco mais de 1h de apresentação, tomando por base a história do Helloween, com 15 álbuns de estúdio lançados, apenas três deles são responsáveis por 80% do set — "Walls of Jericho" (1985), além da dobradinha mágica construída nos temáticos "Keeper of the Seven Keys, Part I" (1987) e "Keeper of the Seven Keys, Part II (1988), ou seja — temos um comeback special da produção do grupo na segunda metade dos anos 1980, época em que o Helloween firmou território como uma das importantes bandas daquele período. E como sabemos, os alemães seguiram adiante...

Foto: Opus Promoções/Edu Diferrari/
É fácil constatar que o septeto conseguiu algo que parecia muito difícil: transformar esse reagrupamento num dos mais divertidos shows de rock da atualidade. No palco, em deferência a individualidade, todos jogam para o time, como em "Dr. Stein", quando Gerstner, Weikath e Hansen  dividem base e solos num impressionante enlace de guitarras. Se você tem dois vocalistas de ponta, chance de rodar o pião e mostrar ao público esse fantástico cartel de vozes — em "Eagle Fly Free", destaque para Michael Kiske, front leader dos anos inicias do Helooween. Já em "Perfect Gentleman", Andi Deris, de blazer prateado, cartola e bengala, não apenas compõe com 'perfeição' o elemento cênico, mas também revela vários traços de seu talento com performer — "Eu não sou Freddie Mercury, mas pelo menos estou vivo", diz a plateia. O jogo das guitarras permanece em "Ride the Sky", com destaque para o vocal de Kai Hansen, terceira força vocal do Helloween.

Deris volta a brilhar na única balada da noite, "A Tale That Wasn't Right", um dos sons que inicialmente me conectou ao Helloween, e que inevitavelmente se transforma num dos grandes momentos da noite. Quando chegamos nos instantes finais, em "I Want Out", balões laranjas sobrevoam as cabeças do público.

Foto: Adriel Douglas
Totalmente em clima de festa, quando com punho cerrado tento acertar um dos balões, acabo por virar um copo de cerveja no meu próprio peito. Esse é o clima do show do Helloween no Gigantinho, um espetáculo para ser apreciado com o coração aberto, em tom de celebração. Show com cheiro de ensaio geral para o Rock in Rio. E no mesmo dia de sua participação no festival (4), o Heloween lança "United Alive", DVD/Blu-RAY e "United Alive in Madrid", em dois formatos, CD/Vinyl. Alguém tem dúvida de que o Helloween vive um dos melhores momentos de sua carreira? 

Setlist - Rock ao Vivo/PoA

I'm Alive
Dr. Stein
Eagle Fly Free
Perfect Gentleman
Ride the Sky
A Tale That Wasn't Right
Power
How Many Tears
Future World
I Want Out

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