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domingo, 27 de outubro de 2019

KENNY WAYNE SHEPHERD - PORTO ALEGRE, 26 DE OUTUBRO DE 2019

Foto: Pablito Diego
Review Márcio Grings Fotos Pablito Diego (Há Cena)

Ainda hoje, quando lembro de Kenny Wayne Shepherd, volto a 1995, ano em que os amantes do blues ganharam um motivo a mais para acreditar na sobrevida do gênero. Com apenas 18 anos, O jovem músico de Shreveport, Louisiana, lançou "Ledbetter Heights", um trabalho extremamente acima da média para um garoto (supostamente) iniciante. O álbum vendeu mais de 500 mil cópias, marca que iria atingir outras duas vezes em sua carreira, número ainda expressivo para um gênero fora do eixo central da grande mídia. Em entrevista exclusiva ao Memorabilia, Shepherd disse acreditar que sua trajetória continua a inspirar jovens músicos a prosseguirem olhando para o blues como caminho a ser seguido: - "Existem artistas talentosos surgindo todos os dias, e fico feliz em perceber que ainda teremos uma nova geração com aspirações de seguir a tradição do blues".  Leia entrevista completa.

Foto: Pablito Diego
Passados 24 anos, Kenny Wayne Shepherd, 42, colocou mais onze álbuns no mundo, o último deles, o elogiado "The Traveler", saiu no último mês de maio, progredindo ao topo da parada blues norte-americana. Em seguida, iniciou tour em parceria com Buddy Guy, com apresentações agendadas até o final de 2019. Casado há 13 anos com Hannah, 38, filha mais velha do ator/diretor Mel Gibson, pai de cinco filhos, o músico também integra o The Rides, grupo que formou ao lado de Stephen Stills e Barry Goldberg, ao qual já lançou dois álbuns. Incentivado por Stills, começou a soltar a voz em algumas canções, com isso, do novo álbum - "Gravity", "Take It  Home" e "Better With Time" mostram que o vocal de Kenny tem calibre para figurar na linha de frente de suas composições: - "Stephen definitivamente me incentivou a encarar o protagonismo como cantor", admite ao Memorabilia

Foto: Pablito Diego
Como primeira atração internacional do Samsung Best of Blues, em evento gratuito que levou cerca de 40 mil pessoas até o Anfiteatro Pôr do Sol, num dos espaços mais interessantes da capital gaúcha para apresentações ao ar livre, Shepherd sobe ao palco pontualmente às 20h. Ao seu lado, Noah Hunt (voz e guitarra), Scott Nelson (baixo), Joe Krown (teclados) e Sam “The Freight Train” Bryant (bateria), além do naipe de metais formado por Joe Sublett (sax) e Mark Pender (trompete).

Foto: Pablito Diego


Tudo começa com "Trouble Is...", perfeito apresentar armas que aponta sua bússula para o norte do rock'n'blues. Na mesma direção, logo após ouvimos o libelo feminista "A Woman Like You", faixa que abre o álbum mais recente do guitarrista. Em sua primeira vinda ao Brasil, Kenny prepara um set diferente da atual turnê ainda em curso pelos Estados Unidos. E se existe um tema preparado para nos impressionar, número propício para certificar a linhagem musical desenvolvida no palco, esse som é "Shame, Shame, Shame" (não confundir com a faixa homônima de Jimmy Reed). - "Sem Stevie Ray Vaughan não haveria Kenny Wayne Shepherd", disse o guitarrista em entrevista ao portal Terra. Na versão apresentada em Porto Alegre, além de comprovar meritocracia nessa ligação e herança musical, o público delira com o desfile de solistas, alternâncias e dinâmicas, num autêntico workshop de como se faz blues. Os solos de sax de Joe Sublett (Rolling Stones, Stevie Ray Vaughan, Eric Clapton), o trompete com surdina de Mark Pender (Bruce Springsteen, Joe Cocker, Robert Cray), além da constante intervenção do Hammond B3 de Joe Krown (Clarence "Gatemouth" Brown), dão o tom de que Shepherd não poupou esforços para trazer o melhor de si até o Samsung Best of Blues.

Foto: Pablito Diego
Em "I Want You" podemos nos certificar o quanto o guitarrista também é um ótimo vocalista, além de perceber o legado de Buddy Guy sendo pareado com propriedade nos arranjos. A faixa de seu mais recente álbum é um dos momentos mais fortes do show. Com uma camiseta do Misfits, o baixista Scott Nelson assesta seu baixo mais abaixo do que o usual, numa posição semelhante aos instrumetistas de punk, economizando sorrisos, mas vendendo uma entrega particular a cada tema. A longa introdução de "While We Cry" crava na memória a imagem do guitar hero do blues, nova passagem instrumental impressionante. Dá para perceber que o vocalista Noah Hunt fica numa posição de coadjuvante, muitas vezes de olhos fechados, escolhendo com cuidado cada sequência de acordes de sua guitarra base. Entretanto, na balada "Blue on Block", Noah assume o protagonismo para nos mostrar a força de sua garganta, numa canção que nos leva ao universo do southern rock.

Foto: Pablito Diego
Tratando-se de blues rock, nada como terminar um show com "Voodoo Chile/Voodoo Child - Voodoo Slight Return" (Jimi Hendrix), com Kenny explorando todas as possíveis vicissitudes do blues, ora se aproximando da energia do rock, outras vezes baixando a dinâmica, levando a banda em várias direções, com o baterista Sam Bryant atento a cada nova ondulação.

Foto: Pablito Diego
Em 1h10 minutos Kenny Wayne Shepherd comprova porque é considerado um dos nomes mais importantes do blues rock mundial. Residente nos grandes festivais do gênero na Europa e Estados Unidos, aguardemos que através desse pontapé inicial o Brasil passe a fazer parte de seu usual roteiro de apresentações. 

Foto: Pablito Diego
Em evento patrocinado pela Samsung, numa parceria com o Ministério da Cidadania, a realização do Samsung Best of Blues é da Dançar Marketing. Agradecimento especial para Jéssica Barcellos Comunicação - suporte e credenciamento. 

Setlist KWS - Samsung Best of Blues

Trouble Is...
Woman Like You 
Shame, Shame, Shame
I Want You 
While We Cry
Blue on Black (Trouble Is)
Voodoo Chile
Voodoo Child (Slight Return)


Foto: Pablito Diego


Foto: Pablito Diego
Foto: Pablito Diego 

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