Fotos: Fabrício Barreto |
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Se a dupla de guitarristas continua fornecendo a
massa corpórea instrumental do Pearl Jam, Stone Gossard e Mike McCredy hoje
parecem dois titios se divertindo comportadamente no palco. Já o baixista Jeff
Ament ainda simboliza a imagem de muitos dos jovens músicos das bandas atuais.
Pelo telão dá pra sacar que Matt Cameron é um daqueles cinquentões que mantém a
força dos velhos tempos. O tecladista havaiano Boom Gaspar, último a ingressar
nas fileiras da banda, encorpa o caldo participando de boa parte do espetáculo.
Mas nada se compara a imagem do líder do Pearl Jam
esbanjando vitalidade, domínio das ações e uma postura de quem encara cada
noite como a última de sua vida. Eddie relembra que há quatro anos também
estava em Porto Alegre, e da mesma forma como aconteceu naquele ano, convoca a
audiência a cantar “Parabéns a você”, homenagem a esposa que está de
aniversário. Por sinal, em português sofrível, mas inteligível, em várias
partes do show o vocalista não se roga em buscar afinação com a plateia.
Foto: Fabrício Barreto |
GIVE ME WINE
Quando Eddie visualiza um cartaz em frente do palco
dizendo “give me wine”, sem problemas! Em dado momento o telão amplia o cantor
bebendo um gole da garrafa de vinho, para logo depois borrifar parte do líquido
no público. Se a mesma atitude punk o coloca empoleirado no PA, ele também faz
questão de se aproximar dos fãs. E assim é alvejado por bilhetes, presentes e
penduricalhos, como um colar jogado por um deles sobre seu rosto. Corre, pula,
toca violão e guitarra, se deita no palco, distribui mimos para a platéia, o
incansável líder do Pearl Jam não poupa esforços para reforçar essa imagem.
Se o show começa meio na manha, com o público sendo
amaciado aos poucos, há um equilíbrio entre as partes mais baladeiras e a
pancadaria. Na segunda parte, a banda abre com a releitura de “Last Kiss”, tema
que definitivamente esquenta a noite. Outro destaque é a iluminação de palco,
apostando em detalhes aparentemente simples (como os lustres flutuadores), além
do telão de alta definição a projetar um tom cinematográfico na apresentação.
Em alguns momentos, uma garoa fina se precipitou elegantemente sobre a Arena,
intercalando seus movimentos em sintonia com a iluminação.
Foto: Fabrício Barreto |
“TEN” AINDA NO TOPO
Das mais de trinta músicas tocadas pelo Pearl Jam,
“Ten” continua sendo a maior aposta do repertório (Alive, Black, Even Flow,
Jeremy, Porch, Release e Why Go). Seguem “Lighting Bolt” (Let the Records Play,
Lightning Bolt, Mind Your Manners, Pendulum e Sirens) e “Vs” (Animal, Elderly, Woman Behind the
Counter in a Small Town, Glorified G, Go e Rearviewmirror); “Vitalogy” (Better
Man, Corduroy, Not for You e Spin the Black Circle) e “Yeld” (Do the Evolution,
Faithfull, Given to Fly e Wishlist); além de canções de “Lost Dogs” (Hard to
Imagine e Yellow Ledbetter) , o EP “Merking Ball” (I Got Id) e “No Code” (Lukin).
PINK FLOYD PELO PEARL JAM
Já no final da noite, pela primeira vez, o Pearl Jam
toca sua versão de “Confortably Numb” do Pink Floyd (antes já havia citado
Interstellar Overdrive). A notícia da releitura inédita colocou o show em Porto
Alegre na capa da edição online de uma das publicações mais respeitadas do
gênero nos Estados Unidos, a revista norte-americana Spin. Apesar da nota
dar um tom dramático “Sob chuva torrencial Pearl Jam toca canção do Pink
Floyd”, na verdade a precipitação não passava de uma garoa muito fina. Porém,
uma imagem bonita se forjou e de certa forma surgiu como uma antevisão do show
de David Gilmour, que será no mesmo local daqui a poucas semanas.
Além disso, poucos minutos antes de Neil Young
completar 70 anos, Eddie também reverencia um de seus ídolos com “Fuckin’ Up”.
Tocam mais uma e finalmente o adeus é definitivo. Olho para o relógio, meia
noite em ponto.
Em 3 horas de apresentação penso que, logo no início
do show, quando o vocalista disse “Obrigado por nos fazer sentirmos em casa
aqui em Porto Alegre”, ele realmente estava sendo sincero na sua declaração.
Poucas vezes assisti uma banda tão desinteressada em sair do palco. Seattle é aqui.
Foto: Fabrício Barreto |
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