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quinta-feira, 12 de novembro de 2015

PEARL JAM - PORTO ALEGRE, 11 DE NOVEMBRO DE 2015


Fotos: Fabrício Barreto
Se nos anos 1990 o Pearl Jam, então vinculado ao emergente cenário de Seattle, deu seus primeiros passos rumo ao estrelato, com o passar do tempo, essa linhagem inicial transcendeu qualquer tipo de generalização. Isso fica muito claro numa simples passada de olhos por parte do público que esteve na Arena do Grêmio nessa quarta-feira (11), em Porto Alegre. Por sinal, Arena que se revelou um ótimo lugar para receber eventos deste porte na capital (que venha David Gilmour).

Foto: Fabrício Barreto
Em três horas e dois minutos de espetáculo (como a própria banda publicou em sua conta no Twitter), 32 mil pessoas são regidas por Eddie Vedder, o mestre de cerimônias do evento. A audiência multifacetada engloba desde a molecada que começou a curtir o grupo ainda na atual década, tomando por base o ótimo “Lighting Bolt”, de 2013, trabalho que ainda assina o atual tour, seguida por uma legião de antigos seguidores. E o Pearl Jam merece um bom público, e assim como Bruce Springsteen e Bono Vox, Vedder é sem dúvida um dos maiores entertainments do rock atual.

Se a dupla de guitarristas continua fornecendo a massa corpórea instrumental do Pearl Jam, Stone Gossard e Mike McCredy hoje parecem dois titios se divertindo comportadamente no palco. Já o baixista Jeff Ament ainda simboliza a imagem de muitos dos jovens músicos das bandas atuais. Pelo telão dá pra sacar que Matt Cameron é um daqueles cinquentões que mantém a força dos velhos tempos. O tecladista havaiano Boom Gaspar, último a ingressar nas fileiras da banda, encorpa o caldo participando de boa parte do espetáculo.

Mas nada se compara a imagem do líder do Pearl Jam esbanjando vitalidade, domínio das ações e uma postura de quem encara cada noite como a última de sua vida. Eddie relembra que há quatro anos também estava em Porto Alegre, e da mesma forma como aconteceu naquele ano, convoca a audiência a cantar “Parabéns a você”, homenagem a esposa que está de aniversário. Por sinal, em português sofrível, mas inteligível, em várias partes do show o vocalista não se roga em buscar afinação com a plateia.

Foto: Fabrício Barreto
GIVE ME WINE

Quando Eddie visualiza um cartaz em frente do palco dizendo “give me wine”, sem problemas! Em dado momento o telão amplia o cantor bebendo um gole da garrafa de vinho, para logo depois borrifar parte do líquido no público. Se a mesma atitude punk o coloca empoleirado no PA, ele também faz questão de se aproximar dos fãs. E assim é alvejado por bilhetes, presentes e penduricalhos, como um colar jogado por um deles sobre seu rosto. Corre, pula, toca violão e guitarra, se deita no palco, distribui mimos para a platéia, o incansável líder do Pearl Jam não poupa esforços para reforçar essa imagem. 

Se o show começa meio na manha, com o público sendo amaciado aos poucos, há um equilíbrio entre as partes mais baladeiras e a pancadaria. Na segunda parte, a banda abre com a releitura de “Last Kiss”, tema que definitivamente esquenta a noite. Outro destaque é a iluminação de palco, apostando em detalhes aparentemente simples (como os lustres flutuadores), além do telão de alta definição a projetar um tom cinematográfico na apresentação. Em alguns momentos, uma garoa fina se precipitou elegantemente sobre a Arena, intercalando seus movimentos em sintonia com a iluminação.

Foto: Fabrício Barreto

“TEN” AINDA NO TOPO

Das mais de trinta músicas tocadas pelo Pearl Jam, “Ten” continua sendo a maior aposta do repertório (Alive, Black, Even Flow, Jeremy, Porch, Release e Why Go).  Seguem “Lighting Bolt” (Let the Records Play, Lightning Bolt, Mind Your Manners, Pendulum e Sirens) e  “Vs” (Animal, Elderly, Woman Behind the Counter in a Small Town, Glorified G, Go e Rearviewmirror); “Vitalogy” (Better Man, Corduroy, Not for You e Spin the Black Circle) e “Yeld” (Do the Evolution, Faithfull, Given to Fly e Wishlist); além de canções de “Lost Dogs” (Hard to Imagine e Yellow Ledbetter) , o EP “Merking Ball” (I Got Id)  e “No Code” (Lukin).



PINK FLOYD PELO PEARL JAM

Já no final da noite, pela primeira vez, o Pearl Jam toca sua versão de “Confortably Numb” do Pink Floyd (antes já havia citado Interstellar Overdrive). A notícia da releitura inédita colocou o show em Porto Alegre na capa da edição online de uma das publicações mais respeitadas do gênero nos Estados Unidos, a revista norte-americana Spin. Apesar da nota dar um tom dramático “Sob chuva torrencial Pearl Jam toca canção do Pink Floyd”, na verdade a precipitação não passava de uma garoa muito fina. Porém, uma imagem bonita se forjou e de certa forma surgiu como uma antevisão do show de David Gilmour, que será no mesmo local daqui a poucas semanas.



Além disso, poucos minutos antes de Neil Young completar 70 anos, Eddie também reverencia um de seus ídolos com “Fuckin’ Up”. Tocam mais uma e finalmente o adeus é definitivo. Olho para o relógio, meia noite em ponto. 

Em 3 horas de apresentação penso que, logo no início do show, quando o vocalista disse “Obrigado por nos fazer sentirmos em casa aqui em Porto Alegre”, ele realmente estava sendo sincero na sua declaração. Poucas vezes assisti uma banda tão desinteressada em sair do palco.  Seattle é aqui.

Foto: Fabrício Barreto

Foto: Fabrício Barreto

Foto: Fabrício Barreto


Foto: Fabrício Barreto

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