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Sempre me perguntei que tipo de segredo há no nome
JACK. Já perceberam que essas quatro letras produzem uma espécie de anagrama
mágico? Seja na ficção, ou na vida real, os ‘Jacks’ são sujeitos aparentemente
abençoados por algum tipo de talento visionário. Ou amaldiçoados. Jack
Nicholson, Jack Kerouac, Jack Sparrow, Jack Daniel, Jack London, e aí vai. Um desses indivídios esteve em Porto Alegre na última terça-feira (24) no Pepsi On Stage.
Jack White não precisa se esforçar muito para
propagar a fama de Willie Wonka do rock. Assim como o lendário personagem
criado pelo escritor galês Roald Dahl, Jack também mantém seu staff alinhado. Por exemplo — toda a equipe técnica que o acompanha está devidamente uniformizada, muitos ao
estilo amish. Há muitas mulheres no staff, e duas garotas auxiliam na iluminação e mesa de áudio. Esse
profissionalismo ao estilo ‘vamos nos divertir trabalhando' é
algo que nos salta aos olhos durante todo o tempo que estamos envoltos em seu
circo. Dentro da celeuma de vozes do rock dos anos 2000, apesar da estampa de
cientista maluco, Jack talvez seja o mais lúcido dos artistas que representam
esse elo entre as raízes da música norte-americana, e para onde o rock caminha
daqui para frente.
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A carta de restrições amish segue — um Mestre de Cerimônias pede para que os celulares
sejam desligados e que o público aprecie o show sem aparatos tecnológicos.
Resolve. Só no final vi celulares registrando algo. Com 15 minutos de
atraso, às 22h15, o guitarrista começa a abrir sua caixa de ferramentas. A luz
azul predomina durante toda a paginação do espetáculo, e é também um dos pontos
altos como fonte de imersão no universo da montagem cênica. Que fique claro: de uma
apresentação para outra, o setlist não segue lógica alguma. Parece que é a
vibe de cada lugar que determina a ordem (ou desordem) das coisas. Existe um
início e fim, entre esse intervalo, bom, muitas coisas podem acontecer.
E
assim, cada noite é especial. Única. A sequência inicial com “Dead Leaves and
The Dirty Ground”, “High Ball Stepper”, “Hotel Yorba” e “Temporary
Ground” dá a letra que a sequência não cronológica pode flutuar de A a Z em sua discografia. Jack sorri
ao perceber que o público já sabe cantar as músicas de “Lazaretto”, álbum
ganhador do Grammy que foi lançado há poucos meses.
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O pop também é evocado, como no hit “Steady, As She
Goes”, outro momento em que Jack nem precisa conclamar o publico a participar.
Na minha visão, a música de Jack amadureceu — e provavelmente por isso — as canções de seus dois álbuns solo atualmente componham praticamente metade do
set. Além das músicas de “Lazaretto”, de “Blunderbuss”, seu debute solo — “Love
Interruption”, “Sixteen Saltines” e “Weep Themselves to Sleep” revelam versões
ao vivo arrebatadoras.
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“Eu vejo o palco como um campo de batalha. A
hiperatividade de Jack, o seu vai e vem, faz com que ele se enrole em todos os cabos
possíveis. E claro, a guitarra muitas vezes desafina frente a tantas
travessuras. Por isso todo aquele tempo de remontagem antes do bis, os roadies
praticamente reconstroem o palco”, chama atenção o músico Adriano Zuli
(Geringonça, Jack of Hearts).
E assim, depois de um — não tão breve intervalo,
no palco já remontado, Jack volta novamente bagunçando tudo em “I’m Slowly
Turning Into You”. Prossegue com “That Black Bat Licorice” (uma das melhores da
“Lazaretto”) e “Sugar Never Tasted So Good”. A música do primeiro álbum do
White Stripes vira um dos melhores momentos do set, quando Jack aparentemente
faz aquela brincadeira de testar individualmente os músicos numa JAM repleta de improvisos. E por último, quando um cara compõe um hino como “Seven Nation
Army”, tema vocalizado por torcidas de times de futebol dos quatro cantos do
mundo, é impossível imaginar outro final para a noite desta terça-feira em Porto
Alegre.
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Virando a meia noite, vou embora com a sensação de
ter assistido ao show de um artista que continuará relevante por muitos anos. É
como ter presenciado uma apresentação do tour de “Infidels” de Dylan. Digo isso
porque em julho Jack completa apenas 40 anos, mesma idade de Bob quando lançou um ds seus bons dinos anos 1980. Sem dúvida, esse quarentão com
cara de moleque ainda vai nos dar muitas alegrias.
Setlist JW
POA
Dead Leaves and
the Dirty Ground
High Ball
Stepper
Lazaretto
Hotel Yorba
Temporary Ground
Weep Themselves
to Sleep
Hello Operator
Top Yourself
Steady, As She
Goes
Love
Interruption
Little Bird
Would You Fight
for My Love?
Sixteen Saltines
Astro
Broken Boy
Soldier
Bis
I’m Slowly
Turning Into You
That Black Bat
Licorice
Sugar Never
Tasted So Good
Seven Nation Army
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