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quarta-feira, 18 de abril de 2007

EDDIE C. CAMPBELL - SANTA MARIA, 18 DE ABRIL DE 2007

Foto: Fabiano Dallmeyer


Ah, nada como a previsibilidade do outono santa-mariense! 37ºC marcam os termômetros locais. Um calor distópico que nos incita a decretar que o final de semana começa nessa quarta-feira, 18 de Abril de 2007. De todo o modo, para os amantes do blues, feriado em Santa Maria, dia de ver Eddie C. Campbell, um dos representantes da cena de Chicago e que atualmente circula pelo RS acompanhado pela Blues Special Band. 

Foto: Fabiano Dallmeyer (reprodução)
Aos 68 anos, Eddie C. olha para o passado e sabe – ele esteve ao lado dos melhores. Foi músico de apoio de Howlin' Wolf, Little Walter, Little Johnny Taylor e Jimmy Reed. Fez parte da Chicago All-Stars, projeto capitaneado por Willie Dixon, um dos homens fortes do gênero. Ao lado de Carey Bell (harmônica), Lafayette Leake (piano), Bob Stroger (baixo) e Clifton James (bateria), lançou em 1977 “King of the jungle”, seu primeiro álbum solo, insígnia de um certificado autoral significativo. No início dos anos 1980, resolve morar na Europa, residindo em países como Holanda e Alemanha, onde acabou ficando por 10 anos, retornando a Chicago no início da década de 1990. Encurtando a jornada, esse Embaixador do Blues protagonizou em 2005 “Show de bola”, CD gravado no estúdio da ACIT, em Porto Alegre, material que baliza o atual show do músico. Na banda base, Solon Fishbone (guitarra), Fernando Peters (baixo), Gaspo Harmonica (gaita) e Adrian Flores (bateria e produção executiva).  

Além de utilizar o grupo que gravou as 15 canções do álbum (com exceção da ausência de Solon Fishbone), em Santa Maria Eddie C. ainda conta com Tiago DiAndreia (teclado), e Everton Velasquez (baixo) substitui Peters. Antes da atração principal da noite, o grupo santa-mariense Red House faz a abertura do evento. O quinteto acaba de lançar “Blues Machine”, com première celebrada no último mês de Abril, no Auditório da Cesma. No set, canções recentes e faixas do álbum de estreia da Red, “One more drink, one more night” (2004).

Foto: Fabiano Dallmeyer (reprodução)
Em torno das 23h, a Blues Special Band está posicionada a espera do músico norte-americano. Lotação completa no salão principal em frente ao palco. Eddie C. Campbell tem dificuldades para chegar até lá. Ao sair do camarim, localizado na área externa do local, o músico já é ovacionado. Aos poucos, lentamente e com a ajuda de sua bengala, ele vai cortando a multidão, recebendo o carinho do público. Adauto Firpo, proprietário do Rota 1, é o responsável por encaminha-lo até o palco. A cena lembra a imagem de um boxeador sendo conduzido ao ringue pela sua equipe. A ventilação do bar parece não dar conta, dezenas de pessoas se aglomeram nos corredores, cada um buscando uma fresta para poder conferir o início dos trabalhos.     

Tudo certo, a festa começa. No palco, Eddie C. é o típico músico que gosta de se divertir. Basta olha para sua presença cênica e o sorriso permanente no rosto. Seja nas releituras dos coirmãos, “The river’s invitation” (Percy Mayfield), “The sky is crying” (Elmore James), “Big boss man” (Al Smith), "Just your fool (Little Walter) e “Little red rooster” (Willie Dixon), ou num trânsito com as raízes do surf rock, como na introdução de “Summertime” (George Gershwin), o músico imprime sua marca de showman no gênero. Como se fosse um jogador de basquete do Globetrotters, ele tripudia nas suas traquinagens com a guitarra. Coloca-a no chão, e dá pequenos chutes nas suas cordas com o pé, e ainda relembra Jimi Hendrix ao tocar a Jazzmaster com a boca, com a língua e inclusive com as nádegas!

Divulgação Rota 1
Além do material de "King of the jungle" (1977), Eddie C. apresenta temas como as instrumentais "Show de bola", "Rock'n'roll medley" e "Funky in D". No seu estilo de tocar, dá para perceber que a mente do músico abre o leque, não se detendo apenas em atuar dentro de uma linha hermética de guitarrista 'clássico' de blues. Esse trânsito abre brechas até para inúmeros cruzamentos e enlaces. No entanto, o artista acredita que o blues é a chave mestra desse portal sonoro: “O que você chama de rock eu vejo como música. O som pode migrar para várias formas. É como se você dissesse que Mick Jagger faz é apenas rock (imita o som de guitarra de ‘I miss you’, dos Stones) Nada além de blues!”, disse ao repórter Homero Pivotto Jr, do Jornal Rascunho (Cesma). Nada além de blues... Eddie C. Campbell parece não ter pressa de sair do palco. O clima de celebração não acaba ao fim do espetáculo, pois o público ainda parece inebriado com toda a energia compartilhada com o veterano músico norte-americano.

Após o show de Eddie C. Campbell, o projeto ‘Na Rota do Blues’ segue a todo o vapor. Em maio, chance de ver Fernando Noronha & Black Soul + Miguel Botafogo (ARG). E em julho, Phil Guy, irmão de Buddy Guy desembarca no país e também bate ponto em Santa Maria. E vale a pena lembrar, em Novembro o Avenida Tênis Clube recebe a sexta edição do Cesma In Blues. Alguma dúvida de que o público santa-mariense gosta de blues? Na Rota do Blues é uma promoção da Diário de Santa Maria/Itapema FM. A realização é do Rota 1 Bar e Restaurante.

Veja vídeo.

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