Translate

quarta-feira, 5 de abril de 2017

ELTON JOHN - PORTO ALEGRE, 4 DE ABRIL DE 2017

Foto: Fabiano Dallmeyer

Depois de Ver o show de James Taylor, sua segunda vez com Elton John o deixa com sensação de ser um cara afortunado. Se em 4 de março de 2013, no Estádio do Zequinha em Porto Alegre, a noite já havia sido mágica com a “40th Anniversary of the Rocket Man Tour”, agora com a “Wonderful Crazy Night Tour”, nesse formato de Anfiteatro no Beira-Rio, as expectativas continuam altas. 

Das 21 músicas que Elton irá tocar na noite de hoje, dezoito passaram pelo setlist de 2013. Só que o set do Beira-Rio é ainda mais ligado aos anos 1970, pois dezessete músicas que você ouvirá essa noite foram compostas entre 1968 e 1975. Apenas três são dos anos 1980 e só uma canção do novo disco risca o boleto das escolhidas. 


Foto: Fabiano Dallmeyer
E a sequência inicial é a mesma do setist de três anos atrás, uma das dobradinhas mais matadoras de qualquer show de rock que conheço – “The Bitch is Back” e “Bennie and The Jets” são músicas feitas pra chacoalhar o esqueleto e levantar os copos de cerveja. Se em 2013 Elton trouxe um quarteto vocal feminino para os backings, dessa vez o apoio das vozes fica por conta de sua banda: John Maroon (percussão), Nigel Olson, com Elton desde 1969 (bateria) e David Johnstone, na banda desde 1971 (guitarra) e Matt Bissonette (baixo). Completa o quarteto o tecladista Kim Bullard. 

Elton John produziu muito material descartável e inegavelmente inferior ao seu quilate de compositor nos anos 1980, mas “I Guess That’s Why They Call It The Blues” é uma das melhores músicas desse período. Já “Daniel” tem a cara dos anos 1970, e é um libelo antibelicista de Bernie Taupin (compositor/letrista que trabalha com Elton desde o início de sua carreira). A música conta a história de um soldado que ao voltar da Guerra do Vietnã, busca o sossego em sua Terra Natal. O baterista Nigel Olson não para de sorrir enquanto toca e faz caretas para o percussionista John Maroon. 

David Johnstone; Foto: Fabiano Dallmeyer
“Someone Save My Life Tonight”, sua preferida de “Captain Fantastic”, é uma composição que poderia ter sido inscrito por Brian Wilsom. A letra foi inspirada num episódio real na vida de Elton, quando um amigo o aconselhou a romper seu casamento. O alvo era Linda Woodrow, noiva rejeitada do cantor: “Sentada como uma princesa empoleirada em sua cadeira elétrica”. Uma canção pop com uma carga poética absurda. “Philadelphia Freedom” é outra das preferidas de Elton, e ao vivo 'Philly' sempre ganha uma energia especial. 

Então as luzes se apagam e apenas Elton e seu piano viram o centro das atenções num longo improviso que antecipa “Rocket Man”. Essa pérola brilhante é prima irmã de “Space Odity” de David Bowie. As duas tiveram o mesmo produtor, o mesmo toque infantil na letra, e a mesma utilização do espaço como alienação pessoal. Dois clássicos. A canção que você ouve agora o lembra de como a música pop pode chegar às alturas. 

Nigel Olson. Foto: Fabiano Dallmeyer
“Tiny Dancer” é hoje um hit absoluto até mesmo fora de seu público. Todos os louros a Cameron Crowe, diretor de “Quase Famosos” (2000), que pinçou essa canção esquecida do Greatest Hits de Elton e a colocou no seu devido lugar como parte do Monte Rushmore da música pop. É um daqueles momentos em que os malditos celulares povoam o panorama em frente ao palco. Tomando por partida “Madman Across The Water” (1971), disco de onde saiu “Tiny Dancer”, depois dela vem “Levon”, uma canção construída para grandes estádios, assim como “Venus and Mars” de Paul McCartney. Ela voltou à baila depois que Jon Bon Jovi fez sua versão em “Two Rooms" (1991), tributo em álbum duplo que celebra a parceria entre Elton e Taupin.  O telão no fundo do palco reproduz um céu repleto de estrelas cadentes, enquanto o som se transmuta num rock pesado de arena, com direito de solos e riffs de Johnstone. Um deles chega a resgatar “Day Tripper” dos Beatles.  

Matt Bissonette. Foto: Fabiano Dalmeyer
A lenda dos tijolos amarelos de Dorothy e o Mágico de Oz ganhou sobrevida com “Goodbye Yellow Brick Road”, uma das músicas pop mais belas de todos os tempos. Mesmo que a voz do cantor tenha se tornado mais grave com o passar dos anos, as partes mais agudas são resgatadas pela magia do sintetizador de Bullard, além dos vocais de apoio de Maroon, Olson, Johnstone e Bissonette.  

Se no show de 2013 você saiu antes de Elton John tocar “Your Song”, última música daquela apresentação, pois precisava pegar o táxi pra não perder o ônibus que o levaria de volta até o interior, dessa vez não precisou correr. Uma de suas canções preferidas do baixinho entrou no meio do set. 

Foto: Fabiano Dallmeyer
“Burn Down the Mission” fecha um dos grandes álbuns esquecidos dos anos 1970, “Tumbleweed Connection”, e foi uma música importantíssima no início da carreira de Elton. Você também nunca se esquece daquela versão do álbum da capa preto-monocromática gravado ao vivo na rádio WABC – FM, em Nova Iorque. Ouvi-la ao vivo é um prêmio inesperado. E os improvisos da banda comem frouxo, numa clara coesão entre os integrantes que já tocam nessa formação a cerca de cinco anos.
    
“Sad Songs” talvez tenha sido uma das primeiras músicas de Elton que você conheceu. Puro FM dos anos 1980, na época parecia comum, hoje dá pra sacar que não se encontram mais canções como essa nas rádios. A encarnação atual ganha mais peso e improvisação. Elton entorta o piano..

O dueto entre Elton John e George Michael em “Don’t  Let The Sun Go Down on Me”, gravado no final de 1991, se tornou um dos maiores sucessos das rádios no ano seguinte. Além de reavivar uma das melhores faixas de “Caribou” (1973), o lucro do single foi totalmente revertido para 10 projetos de caridade britânicos. A música virou figura carimbada na MTV e agora você vê Michael ressurgir no telão frente aos seus olhos. Grande lembrança. 

Se em 2013 Elton homenageou o álbum "Madman Across de Water", dessa vez sua roupa paga tributo a "Captain Fantastic" (1975). Foto: Fabiano Dallmeyer 
“Skyline Pigeon” foi o primeiro fruto a germinar da parceria entre Elton e Bernie. A música continua com uma força absurda ao vivo. Se você estava reclamando que o show não lhe dava respiro, se não houve tempo para recalibrar o copo de cerveja ou tirar água do joelho, “Looking Up”, a única música do último álbum presente no set lhe dá a oportunidade para dar aquela circulada. Elton colabora um pouco mais e também toca a segunda faixa descartável da noite, e enquanto “I’m Still Standing” chega a metade, ao lado de sua namorada, você se joga no chão e dá uma esticada nos ossos.

Á maratona Taylor/John está chegando ao fim. Ainda deitado no tablado montado sobre o gramado do Beira-Rio. você acompanha pelo telão dois números do álbum “Goodbye Yellow Brick Road” – “Your Sister Can't Twist (But She Can Rock 'n Roll)” e “Saturday Night's Alright for Fighting”, rocks perfeitos para dar números finais e um respiro nas baladas.

Elton se despede e apesar do cansaço, você ainda não acredita como o tempo passou tão rápido. 

Foto: Fabiano Dallmeyer
“Candle in the Wind” pode ser pop pra caramba, mas é uma de suas músicas mais bonitas e conhecidas. Os malditos celulares retornam como velas, uma já tradicional alegoria a letra. Ele dedica 'Candle' a duas mulheres em épocas distintas: Marilyn Monroe e Princesa Diana. E a festa dos anos 1970 acaba como o rock do Crocodilo, e você tem a certeza de que noite está ganha quando sai cantando “Lá, lá, lá, lá, lá, lá!” - um coro de 24 mil vozes.  

A Grings - Tours, Produções e Eventos agradece ao suporte e apoio da Agência Cigana. 

Setlist:

“The Bitch Is Back”
“Bennie and the Jets”
“I Guess That’s Why They Call It the Blues”
“Daniel”
 “Someone Saved My Life Tonight”
“Philadelphia Freedom”
“Rocket Man (I Think It’s Going to Be a Long, Long Time)”
“Tiny Dancer”
“Levon”
 “Goodbye Yellow Brick Road”
 "Your Song”
“Burn Down the Mission”
“Sad Songs (Say So Much)”
“Skyline Pigeon”
“Don’t Let the Sun Go Down on Me”
“Looking Up”
 “I’m Still Standing”
“Your Sister Can’t Twist (But She Can Rock ‘n Roll)”
“Saturday Night’s Alright for Fighting”

Bis

“Candle in the Wind”
“Crocodile Rock”

Foto: Fabiano Dallmeyer

Foto: Fabiano Dallmeyer

Foto: Fabiano Dallmeyer

Foto: Fabiano Dallmeyer

Foto: Fabiano Dallmeyer

Foto: Fabiano Dallmeyer

Foto: Fabiano Dallmeyer

Foto: Fabiano Dallmeyer

Foto: Fabiano Dallmeyer

Foto: Fabiano Dallmeyer

Foto: Fabiano Dallmeyer

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ÚLTIMA COBERTURA:

OMAR COLEMAN — PORTO ALEGRE, 22 DE FEVEREIRO DE 2024

Foto: Zé Carlos de Andrade | Por Márcio Grings   Fotos: Zé Carlos de Andrade | Cidade mais populosa do estado de Illinois, nos Estados Unid...